O prefeito José Fortunati encerrou as negociações com os municipários, em greve há nove dias. Em assembleia na manhã desta quinta-feira (23), os servidores decidir manter a paralisação.
Fortunati justificou que o Executivo não tem como oferecer nova proposta salarial, diante da crise financeira e da queda na arrecadação. Ontem, a prefeitura da Capital apresentou aos municipários três opções de parcelamento do reajuste salarial de 9,28%, proposta que foi rejeitada na assembleia.
Além da suspensão das negociações, Fortunati também anunciou o congelamento das questões anteriormente acordadas com os municipários, como o pagamento de promoções, que iniciariam a partir deste mês. "Estamos zerando as negociações, elas voltam ao estado original agora", destacou.
O prefeito informou ainda que a prefeitura vai descontar os dias parados dos salários dos municipários.
Queda na arrecadação
Segundo o prefeito, Porto Alegre deixou de recolher R$ 108 milhões em um ano. A arrecadação do ITBI, por exemplo, caiu 8,8% entre 2015 e 2016. Já as transferências da União ao município tiveram queda de 10,8% no período.
Além disso, o prefeito alega que os repasses no SUS caíram 10,2%, mas Porto Alegre tem sofrido um aumento de demanda, com o fechamento de leitos e suspensão de serviços na área da saúde na Região Metropolitana. Com isso, os pacientes procuram as unidades de saúde da Capital.
Fortunati ainda destacou que a situação do município é tão complicada que não tem como garantir que não vai parcelar os salários dos municipários. Ele destacou que a medida já foi adotada por mais de 500 municípios brasileiros.
"A Secretaria Municipal da Fazenda não garante recursos nem para pagar os salários de forma integral até o fim de 2016", disse.
Posição dos municipários
De acordo com a diretora de Comunicação do Sindicato dos Municipários (Simpa), Carmen Padilha, a categoria continua disposta para a negociação. O entendimento do sindicato é de que o prefeito quer intimidar os servidores municipais com a suspensão do diálogo.