O muro colorido que envolve o quarteirão das avenidas Ceará, Maranhão, Paraná e a rua Ernesto Fontoura, no bairro São Geraldo, esconde, nos seus mais de sete mil metros quadrados, o prédio danificado pelo tempo que abrigava o Hospital Santo Antônio. Desde 2002, quando o hospital para crianças foi incorporado ao Complexo Santa Casa de Porto Alegre, moradores da região reclamam que o local está abandonado, com sujeira no entorno e com problemas de segurança.
- O lixo em volta é um absurdo, e tem muito assalto aqui também. A gente não tem mais aquela estrutura de atendimento pediátrico - comenta o mecânico Wagner Ribeiro Pereira Filho.
Morador do bairro São Geraldo há 25 anos, ele recorda:
- Um pouco da história do bairro se perdeu. Pelo fato de ser um hospital da criança e ter a capela aqui, era muito bacana antes.
A aposentada Leda Rimoli Zingano, moradora da Avenida Ceará, na esquina oposta ao antigo hospital há 40 anos. Segundo ela, a mudança do Santo Antônio para o Centro desvalorizou o bairro:
- Eu vi isso aqui funcionando a todo vapor. O bairro inteiro está muito entristecido com isso, porque antes tinha muito movimento, muita gente. Foi um abandono total.
De acordo com a gerente administrativa do Hospital Santo Antônio, Swetlana Cvirkun, houve um aumento na complexidade dos atendimentos, e a mudança de unidade ocorreu para que o hospital usufruísse da estrutura que o Complexo Santa Casa oferece:
- Ele foi transferido para o Centro para contar com uma tecnologia de ponta, além de ter acesso à estrutura dos outros hospitais.
Em 2005, o terreno foi vendido para o Centro Clínico Gaúcho, e estava prevista a instalação de centros cirúrgico e obstétrico, unidade neonatal, além de uma área de pronto atendimento. No entanto, a assessoria de comunicação informa que a instituição não é mais a proprietária do local.
Atualmente, o local pertence à R. Correa Engenharia. De acordo com a construtora, será construído um complexo multiuso, com salas comerciais e apartamentos, que faz parte do projeto de revitalização do Quarto distrito. Ainda segundo a empresa, o antigo hospital e a capela serão preservados, restaurados e reformados, mas não há previsão de início para o início da construção.
A Brigada Militar contesta as reclamações referentes à falta de segurança. O capitão Gabriel Damásio, comandante da 4ª Companhia do 9º Batalhão de Polícia Militar (BPM) afirma que não há índices altos de ocorrências de assalto no quarteirão:
- Além das viaturas que circulam por ali, realizamos patrulhamento com motos e bicicletas para atender aos chamados com mais agilidade. Mas também é importante que as pessoas façam ocorrência quando acontece esse tipo de incidente.