Correção: Quatro escolas da Capital foram ocupadas por estudantes e não três, como esta matéria informou entre 8h05min e 13h30min do dia 13 de maio de 2016. A informação já foi corrigida no texto.
Dezenas de estudantes ocuparam o Colégio Júlio de Castilhos, uma das maiores escolas estaduais do Rio Grande do Sul, na noite desta quinta-feira, em Porto Alegre. A previsão é de que os alunos permaneçam na escola até as 19h, mas o protesto pode se estender. As aulas foram suspensas.
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Em frente à escola, há faixas de apoio aos professores e com críticas ao governo Sartori. Os estudantes pedem melhorias na estrutura física do prédio, que sofre com infiltrações, a contratação de professores e mais segurança nos arredores da escola. Além disso, criticam o parcelamento dos salários dos docentes.
– O que mais nos prejudica em relação à estrutura é o ginásio, que está parcialmente interditado desde o começo do ano. Mas também há problemas de infiltração no terceiro andar. Chove dentro da sala de aula – diz Brisa Davi, 16 anos, presidente do Grêmio Estudantil.
No fim do dia, os alunos devem encaminhar um ofício à Secretaria de Educação formalizando as reivindicações. O secretário Vieira da Cunha entrou em férias nesta semana, e ainda não se sabe se ele seguirá no comando da pasta depois de seu retorno – há informações de que ele teria pedido demissão, o que não foi confirmado pelo Piratini.
A ocupação do Julinho é apoiada pela direção da escola, que confirma a existência de problemas na infraestrutura do prédio. Segundo a diretora, Fernanda Gaieski, a questão da falta de professores de filosofia e artes deve se resolver em breve, com a contratação de novos profissionais.
– Estamos apoiando os alunos. É uma ocupação por tempo determinado, tranquila, com reivindicações bem pontuais. Mas, se resolverem manter a ocupação, teremos de discutir a possibilidade os alunos que quiserem assistir às aulas poderem fazer isso (a afirmação foi dada antes de a greve ser deflagrada por assembleia do Cpers/Sindicato) – avalia a diretora.
O protesto dos estudantes do Julinho também é apoiado por alguns movimentos sociais e por parte dos professores, que decidirão em assembleia nesta sexta-feira entrar em greve por tempo indeterminado.
– (A ocupação) é uma excelente iniciativa. A escola tem muitos problemas. Anteontem, sem vento, caiu uma árvore no meio do pátio. Por sorte, nenhum aluno se feriu – disse o professor de filosofia Osmar Tonini, que trabalha no Julinho desde 2012.
Já são quatro as escolas estaduais ocupadas na Capital. A primeira instituição a ser ocupada por estudantes foi o Colégio Emilio Massot, no bairro Azenha. Desde a quarta-feira, organizados pelo Grêmio Estudantil, dezenas de alunos dormem em duas das salas de aula, sem previsão de deixar o local. Eles reclamam da falta de papel para impressões, da qualidade e quantidade da merenda escolar, e do atraso no repasse de cerca de R$ 5 mil mensais, não recebidos desde janeiro. A escola também estaria sem professor de Geografia para o Ensino Médio e de Ciências para o Ensino Fundamental.
– Estamos acompanhando de perto e ajudando a controlar a ocupação para que nada de mal aconteça. Achamos a mobilização legítima. As reivindicações dos alunos são as mesmas que as nossas – disse a diretora, Márcia Mainardi.
Depois da mobilização no Emilio Massot, na noite de quarta-feira, alunos da Escola Estadual Agrônomo Pedro Pereira, na zona leste da Capital, acamparam na instituição. Eles pedem melhorias na educação e protestam contra o PL 44/16, que dispõe sobre a qualificação de algumas entidades como organizações sociais e, segundo os alunos, "privatizaria" as escolas públicas.
– A gente acha que a educação pública é um direito de todo o aluno, e a gente quer uma escola melhor – disse à Rádio Gaúcha a presidente do Grêmio Estudantil da Pedro Pereira, Gabriela Bittencourt Cardoso.
Estudantes da Escola Estadual de Ensino Médio Padre Reus ocupam a instituição na zona sul de Porto Alegre desde a noite de quinta-feira. Eles também pedem melhorias na educação e o pagamento do repasse da verba autônoma das escolas por parte do Governo do Estado. Querem aumento da verba para merendas, reformas no prédio e que os salários dos professores não sejam parcelados. As aulas foram suspensas.
Mais de cem escolas foram ocupadas em São Paulo
O projeto de reorganização das escolas paulistas, apresentado pelo governador Geraldo Alckmin, em 2015, sucumbiu diante dos protestos de estudantes de escolas públicas. Os alunos ocuparam mais de 200 unidades de ensino contra o fechamento de 94 escolas.
Em novembro do ano passado, os alunos começam a ocupar escolas estaduais da Grande São Paulo em protesto contra a reestruturação. A primeira a ser ocupada foi a Escola Estadual Diadema, no ABC.
Nesta sexta-feira, o governo paulista autorizou as secretarias a pedirem reintegração de posse das escolas ocupadas sem precisar de autorização judicial.
Rio de Janeiro promete atender parte de pedidos dos alunos de escolas ocupadas
No Rio de Janeiro, alunos das escolas públicas ocupadas se reuniram nesta semana com o secretário estadual de Educação, Antonio Neto. Após o encontro, a Secretaria de Educação informou que os alunos devem ter parte das reivindicações atendidas. Ao todo, 68 unidades foram ocupadas.