Atalho muito usado no deslocamento entre a BR-116, região do aeroporto, e as avenidas das Indústrias e Sertório, a Avenida Dique, na zona norte da Capital, foi bloqueada na segunda-feira da semana passada. A alteração, que se deve ao prolongamento da Avenida Severo Dullius até a Sertório, acrescentou uma boa dose de confusão ao já conturbado trânsito da região. O prazo de conclusão da obra é dezembro.
O engenheiro Sergio Kaminski, vice-presidente da Associação dos Amigos do bairro Anchieta, cronometrou 35 minutos de carro no trecho entre a Avenida das Indústrias e o cruzamento das avenidas Farrapos e Ceará. Ele critica o bloqueio porque a medida ocorre antes da conclusão da passagem de nível da Avenida Ceará, prevista inicialmente para 2014 e que ficou só para março de 2017.
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– Houve falta de planejamento. Aqui, no bairro (Anchieta), estamos jogados no canto da cidade e sem saída – queixa-se Kaminski.
O ZH Pelas Ruas conversou com motoristas em um longo "arranca-e-para" ao ingressar na Avenida Ceará. Marcos Vieira Bobsin, 37 anos, assistente contábil, utilizou um acesso que passa por baixo do viaduto Leonel Brizola para chegar à avenida. O que ele considerava um atalho, consumiu 25 minutos de seu dia.
– Com o fechamento (da Dique), piorou muito.
O frentista Marcos Gonçalves da Silva assiste a tudo de camarote. Ele conta que, todos os dias da semana passada, a tranqueira foi crítica por ali em horário de pico. Algumas linhas de ônibus tiveram mudança no itinerário por causa do bloqueio da Dique.
O diretor-presidente da Empresa Pública de Transporte e Circulação (EPTC), Vanderlei Cappellari, reconhece que o impacto no trânsito foi significativo, e destaca que são realizados diariamente ajustes no tempo dos semáforos nas vias Ceará, 18 de Novembro, Dona Margarida, Sertório e Assis Brasil, de acordo com análise das filas nos cruzamentos. Ele reforça que o bloqueio da Dique foi adiado ao máximo em função da obra da Ceará.
– Nós aceleramos a liberação de duas faixas no começo da Farrapos – conclui.
Para os motoristas que chegam a Porto Alegre pela Avenida dos Estados, a EPTC incentiva a escolha da Avenida Farrapos, entrando na Rua Dona Margarida e na Rua Santo Pedroso para acessar a Sertório.
Obra estava prevista há quase cinco anos
A obra de prolongamento da Avenida Severo Dullius está prevista desde setembro de 2011. De acordo com a prefeitura, no entanto, o financiamento de R$ 69 milhões, via Caixa Econômica Federal, foi liberado somente em setembro de 2015, quando foram iniciados os trabalhos no local.
O prolongamento da Severo Dullius contará com quatro novas faixas, além de ciclovia e passeio para pedestre. A estrutura das vias já está feita, embora ainda faltem acabamentos, como o próprio asfalto. De acordo com Maria Cristina Molina Ladeira, diretora-técnica da EPTC, a atual etapa é a construção de uma ponte de 88 metros sobre o Arroio Areias, por isso, a necessidade do bloqueio da Dique.