O prefeito falou com ZH pouco antes de o ano virar, quando apenas duas de oito promessas feitas em entrevista de 2015 saíram do papel. Para Fortunati, ainda assim Porto Alegre teria saído da estagnação. Hoje ele considera que paga um preço "por ter sido ousado".
Projeto para a fase três da revitalização da orla, contratado sem licitação ao arquiteto Jaime Lerner, levou a questionamento do MP e teve de ser refeito. Isso não gera mais polêmica?
Se tem algo que estou muito tranquilo é o notório saber do Jaime Lerner, que presta consultoria para mais de 200 cidades. Achar que ele não tem notório saber, só mesmo uma visão muito mesquinha. O importante é o resultado. A gente deu as explicações adequadas, mostramos (ao MP) os vários reconhecimentos internacionais de Lerner. Temos o endosso do MP em relação à fase um, porque a fase três não está pronta.
Porto Alegre sabe planejar?
Investimentos previstos para 2015 não foram feitos por contingenciamento dos financiamentos internacionais. Por que esses recursos não saíram?
O governo federal segurou para não aumentar déficit fiscal. E não foi só para Porto Alegre.
Qual a previsão de liberação desse dinheiro?
O que se passa em Brasília é uma incógnita. Estamos reféns da macroeconomia nacional. Dependemos de financiamentos internacionais e da liberação do governo federal. Estamos trabalhando junto a Frente Nacional dos Prefeitos.
Obras da Copa em Porto Alegre só vão terminar depois da Olimpíada
Também causou polêmica a obra do Cais Mauá. Existe a possibilidade de os ativistas serem ouvidos e de o projeto ser modificado durante o andamento?
O grupo que se contrapõe não quer pensar na sustentabilidade do projeto, quer um bancado pelo poder público, e isso hoje é inimaginável. Não é que não haja diálogo, já fizemos audiências públicas e vamos continuar dialogando. O que não dá para mascarar é que existem duas posições muito distintas. A dos ativistas e outra que entende, como eu, que a revitalização precisa ser autossustentável.
Quais os planos para o novo ano? Haverá cortes?
Não posso imaginar que 2016 seja ano fácil para nenhum município. A grande vantagem que tivemos em 2015 foi o nosso modelo de gestão. Viabiliza nossas ações colocando gastos com metas. Vou continuar fazendo isso, para que a gente não seja surpreendido e tenha de interromper obras. Não pretendo começar nenhuma obra nova, a não ser estas que dependem dos financiamentos.
Onde o senhor planeja cortar?
Não há cortes previstos porque fomos cautelosos ao planejar 2016.
Será um ano de paralisação para Porto Alegre?
Não, continuaremos fazendo. Não fazíamos obras há anos e eu consegui tirar essa estagnação da cidade. De certa forma, pago um preço por ter sido bastante ousado. As pessoas reclamam se as obras não são feitas, mas reclamam quando são feitas.




