Nem salário, nem vale-refeição. O que tem emperrado as negociações entre rodoviários e empresas de ônibus de Porto Alegre são mudanças anunciadas no plano de saúde dos trabalhadores.
Atualmente, a categoria paga R$ 10 mensais por trabalhador para toda a família, e as consultas são de graça. Mas diante dos 31% de reajuste anunciados pela operadora, os empresários esperam que os trabalhadores aumentem sua contribuição.
– Nossa proposta é continuar pagando o que é pago hoje mais a correção da inflação (em torno de 12%). Agora, eles precisam resolver internamente com a operadora como será paga a diferença – diz o presidente do Sindicato das Empresas de Ônibus de Porto Alegre (Seopa), Alceu Machado.
Conforme o dirigente, o investimento das empresas no benefício passa de R$ 1 milhão por mês. O Seopa diz que vai aguardar pela movimentação dos trabalhadores para retomar as negociações.
Depois de receber um aviso de que a operadora do plano de saúde estaria rompendo o contrato com a categoria nesta semana, os rodoviários não compareceram à reunião marcada com os empresários na terça-feira. No lugar, fizeram uma reunião com a prestadora do serviço, mas o encontro terminou sem solução.
Conforme o Sindicato dos Rodoviários, a nova proposta, de uma contribuição de R$ 20 por trabalhador mais R$ 20 por cada consulta, é inaceitável.
– O que puseram na mesa foi mais caro do que nós estávamos esperando. Ali trancou tudo. Não vamos abrir mão do plano de saúde. As outras cláusulas são mais fáceis de negociar – sinalizou o presidente do sindicato, Adair da Silva.
A categoria acredita que uma reunião entre as três partes pode encaminhar soluções para o problema. O encontro ainda não tem data definida. O objetivo dos trabalhadores é chegar a um acordo antes do fim da carência do plano de saúde, de 60 dias. Segundo o Sindicato dos Rodoviários, não estão previstas novas manifestações da categoria.
A negociação nos anos anteriores
– Em 2015, desde que a pauta de reivindicações da categoria foi protocolada até o momento em que foi aprovado o reajuste de 8% no salário dos rodoviários, passaram-se mais de três semanas.
– Em 2014, diante da falta de acordo com as empresas de ônibus, rodoviários entraram em greve em 23 de janeiro. O impasse teve de ser resolvido na Justiça que, em 17 de fevereiro, aprovou aumento salarial de 7,5% para os rodoviários