Embora tenham marcado uma reunião hoje para discutir a regulamentação do Uber em Porto Alegre, a prefeitura e a empresa não sinalizaram a apresentação de propostas, o que pode manter o clima de tensão. De um lado, o Executivo disse que aguardará por uma iniciativa do serviço. De outro, os responsáveis pelo aplicativo preferem se manter em silêncio.
O que se sabe, por enquanto, é que a prefeitura exigirá que o Uber pague para atuar na Capital. Se estiver disposta a deixar recursos na cidade, a empresa deverá ter o caminho livre, mesmo sob a gritaria dos taxistas.
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O encontro ocorrerá às 14h, no Paço Municipal. Além do prefeito José Fortunati, devem participar da reunião o vice, Sebastião Melo, o presidente da Empresa Pública de Transporte e Circulação (EPTC), Vanderlei Luis Cappellari, a procuradora-geral do município, Cristiane da Costa Nery, o presidente da Câmara de Vereadores, Mauro Pinheiro, e o líder do governo na Casa, Kevin Krieger. Do Uber, é aguardada a presença do diretor no Brasil, Daniel Mangabeira, não confirmada.
A posição do Uber é de sigilo, tática adotada também sobre o tamanho da frota que começou a operar na Capital no dia 19. Os responsáveis pela empresa afirmaram, por meio da assessoria de comunicação, que devem falar à imprensa apenas após o encontro.
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A discussão deve ocorrer a portas fechadas. O prefeito José Fortunati também preferiu não se manifestar no domingo. Na sexta-feira, ele afirmou a Zero Hora que o município ainda não tem uma proposta de regulamentação para o serviço e que aguardará as ideias do Uber, mas não autorizará o transporte "sem que minimamente tenha contribuição para a cidade".
A reunião foi agendada sob tensão. Fortunati recebeu, na sexta-feira pela manhã, uma ligação de Mangabeira, preocupado com a agressão sofrida por um de seus motoristas no dia anterior. O empresário procurou a prefeitura para voltar às negociações sobre a regulamentação do serviço na Capital. Chateado com a postura da empresa, que começou a operar sem avisar, o prefeito cobrou seriedade do Uber:
- Havia uma expectativa muito grande da minha parte. Todo mundo ficou chateado, porque através do diálogo poderíamos construir uma solução. Me pegou de surpresa. Não vou avançar nada se não for sério.
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Fortunati disse que jamais foi contra o Uber e que o projeto que proíbe o serviço na Capital - aprovado na quarta-feira pela Câmara de Vereadores - é redundante porque já existe uma legislação municipal que versa sobre o tema. Apesar de não confirmar oficialmente, ele não deve sancionar a proposta.
O que mais desagradou o prefeito foi o rompimento do Uber com uma negociação que vinha sendo costurada desde setembro, quando ele encontrou Mangabeira em um evento sobre mobilidade urbana no Rio de Janeiro. O Executivo esperava uma proposta de regulamentação do Uber, baseada em experiências em outras cidades, e não uma atitude precipitada para provocar polêmica e trazer a população para o lado da empresa, como avaliou o vice-prefeito, Sebastião Melo. Agora, Fortunati cobrará de Mangabeira ideias sólidas para levar adiante a regulamentação.
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