Desde o último sábado, quem passa pelas avenidas Aureliano de Figueredo Pinto, Belém, Brasil e Doutor Carlos Barbosa e pela Praça Comendador Souza Gomes pode ver em tamanho ampliado postagens feitas no Facebook com conteúdo racista. Eles fazem parte da campanha "Racismo virtual. As consequências são reais.", promovida pela ONG Criola, em parceria com a agência digital W3Haus.
Em galeria, confira as imagens de algumas das placas instaladas em Porto Alegre:
A ideia nasceu em julho, motivada pelo caso da jornalista Maria Júlia Coutinho, a Maju, que sofreu ataques racistas na página do Jornal Nacional, no Facebook. A agência gaúcha mapeou as publicações - incluindo algumas que foram deletadas depois - e percebeu que muitas vieram de cidades como Porto Alegre, Americana (SP), Rio de Janeiro, Feira de Santana (BA), Recife (PE) e Vila Velha (ES). O passo seguinte foi transformar as publicações em outdoors e outros tipos de mídia exterior, como bancas de revista, que foram instalados no final de semana nas principais ruas e avenidas das cidades mapeadas, como a Capital.
- Conseguimos cruzar os dados desses usuários e identificar, a partir de checkins feitos, comentários de amigos e permissões em outras redes sociais, e chegamos aos locais aproximados de onde os posts foram feitos - explicou o vice-presidente de criação da W3 Haus, Moacyr Netto.
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Em Porto Alegre, os posts, que não expõem a identificação dos usuários, viraram anúncios em bancas de revistas. Em outras cidades, também foram ampliados em outdoors.
- A ideia é mostrar que o racismo está muito mais perto do que as pessoas pensam - explicou Netto.
O movimento também está exposto no site Racismo Virtual, lançado pela ONG.
- Não é possível ignorar esses ataques e achar que não haverá consequências para os ofensores. Racismo é crime segundo a Constituição brasileira e, no caso dos insultos na internet, independentemente de terem sido direcionados a uma pessoa conhecida ou não, os agressores infringiram a lei e, pior, a honra e dignidade das mulheres negras. A campanha visa expor essas situações e fazer com que a sociedade se posicione contra esse retrocesso - comenta a fundadora da Criola, Jurema Werneck.
A campanha é uma das ações da entidade para o Dia Nacional da Consciência Negra, no dia 20 de novembro.