Um projeto que foi aprovado na última semana pelo Conselho Municipal do Plano Diretor preocupa funcionários e usuários da horta comunitária da Lomba do Pinheiro, espaço onde visitantes e moradores do bairro plantam e colhem seus alimentos orgânicos. A permissão para que, no futuro, sejam construídas quatro ruas em uma área de 179 mil m² foi acatada por 11 conselheiros, contra oito votos contrários - incluindo o do conselheiro que representa o bairro - e cinco abstenções. A proposta ainda depende de homologação do prefeito José Fortunati.
Para a coordenadora da horta, Lurdes Guiconi, a construção dessas vias perto da horta acabaria com o projeto social, em função da poluição que trariam e de possíveis invasões e atos de vandalismo. Flávio Burg, professor municipal cedido para trabalhar no projeto, considera a proposta um "atentado" à horta comunitária, que visa à produção agroecológica integrada com o meio ambiente:
- As ruas vão atravessar a mata nativa, uma mata que faz parte do projeto, pelas trilhas ecológicas que a gente faz com os alunos, em que a gente retira folhas da mata pra fazer a cobertura vegetal nos canteiros, e pelos pássaros, que comem os bichinhos das plantas, pois não trabalhamos com agrotóxico.
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Diaran da Silva, conselheiro-suplente do Plano Diretor, destaca que, em audiência realizada no bairro, constatou-se que a comunidade é contra o projeto - lembra ainda que um abaixo-assinado coletou mais de 1,6 mil assinaturas contrárias à iniciativa. Conselheiro do Orçamento Participativo, José Ricardo Mullenmeister se queixa que os conselheiros que aprovaram o projeto e a Secretaria de Urbanismo não têm conhecimento da região, fazendo o traçado das ruas por imagens de satélite. Acredita que o projeto beneficiaria a construção de novos empreendimentos imobiliários, mas destaca que a população não vê vantagem nele.
- As ruas serão fatiadas como loteamentos em quarteirões, típicos para futuramente serem construídos novos estabelecimentos na Lomba do Pinheiro - diz.
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Presidente do Conselho do Plano Diretor e secretário de Urbanismo de Porto Alegre, Valter Nagelstein explica que o projeto decorre da construção de um condomínio do Minha Casa Minha Vida na Estrada João de Oliveira Remião. Para a concessão do habite-se dos prédios, a Comissão de Análise e Aprovação da Demanda Habitacional Prioritária (Caadhap) solicitou a reestruturação urbana da área onde está localizada a horta, pois o Plano Diretor prevê o tamanho médio de quarteirões de 22 mil m², e a área em questão tem 179 mil m². Dessa forma, além da extensão da Rua 8 - que liga as avenidas São Pedro e São Paulo -, poderiam ser construídas mais três vias, formando seis quarteirões. Ele destaca que a aprovação do projeto não significa que as ruas serão construídas imediatamente.
- Não necessariamente vai ser feita uma rua ali, mas ficará gravado no Plano Diretor e nada poderá ser construído nos trajetos, que ficarão reservados para as ruas.
Nagelstein ainda destaca que o projeto foi votado enquanto esteve em um seminário no México e que queria promover uma visita técnica à horta antes da aprovação do mesmo. Ele sugere que o prefeito não homologue a proposta.