O corpo do ex-prefeito de Porto Alegre João Verle é velado no Cemitério Parque Jardim da Paz, na Capital, desde as 16h deste domingo. O economista morreu aos 75 anos, vítima de um infarto agudo no miocárdio. O enterro está marcado para segunda-feira, às 14h, no mesmo cemitério, na Zona Norte.
Políticos compareceram em peso para se despedir de Verle, um dos fundadores do PT no Rio Grande do Sul. Entre eles, estão o ex-governador Tarso Genro, o ministro Miguel Rossetto e o ex-deputado estadual Raul Pont.
- Ele era uma pessoa de uma integridade extraordinária, de uma seriedade que sempre foi exemplo para todos nós. Um grande trabalhador, que sempre teve um profundo respeito e carinho com o povo de Porto Alegre. Também estou trazendo o carinho da presidente (Dilma Rousseff), que conviveu muito com ele - destacou Rossetto.
Assim como muitos amigos, Pont disse que foi surpreendido com a notícia:
- Estamos consternados, pois ele estava bem, se cuidava muito. Ele tem uma trajetória muito importante. Além de companheiros de partido, somos compadres, ele é padrinho da minha filha. A gente perde uma grande figura - lamentou.
Dono de hábitos saudáveis e atividades físicas diárias, incluindo caminhada, pilates e academia, Verle surpreendeu até mesmo seu médico, o geriatra Rodolfo Schneider, que o acompanha desde 2001, quando foi eleito vice de Tarso Genro para o comando de Porto Alegre.
- Ele havia feito um check-up há poucos dias e estava tudo certo - conta a filha Lenara Verle, 43 anos, que mora na Alemanha.
Na Capital há alguns dias, Lenara foi quem estranhou que o pai não atendia a suas ligações. Então pediu que o caçula dos cinco irmãos, Luiz, 33 anos, que mora no mesmo prédio do pai, no bairro Menino Deus, fosse vê-lo.
- Ele morreu da forma que todo mundo quer, dormindo, mas que ninguém espera, porque foi fulminante - complementa.
A mulher, Maria Nancy Verle, morreu em 2009. Além de Lenara e Luiz, eles tiveram Ivana, 39 anos, João Júnior, 38 anos, e Eduardo, 44 anos. Ivana também mora na Alemanha e era aguardada pelos irmãos para a noite deste domingo.
Juntos, os filhos lembram das qualidades do pai e dos ensinamentos que deixou.
- Nos ensinou a sempre fazer a coisa certa, mesmo que fosse mais difícil _ lembrou Luiz. - Nos mostrava como nos guiar pela ética com exemplo, e isso tanto na política quanto na vida pessoal - complementou o caçula.
Lenara ainda destaca as habilidades digitais do pai. Conforme ela, mesmo sendo o mais velho entre quatro irmãos, era o mais "antenado". Como os demais moram na zona sul da Capital, Paraná e Santa Catarina, havia providenciado Skype e câmeras para todos eles. Desde então, determinou uma reunião semanal por teleconferência, para que não perdessem o contato.
Há três dias, Verle havia organizado uma despedida com os colegas de Banrisul, local que havia deixado há cerca de um mês. Segundo Lenara, tinha planos "secretos".
- Ele disse que ainda estava fechando detalhes, por isso não podia contar. Não sei se um dia vou saber o que era, mas fica o ensinamento de alguém que sempre queria mais, e que batalhava muito por isso - finalizou ela.
Prefeitura de Porto Alegre decreta luto oficial de três dias
O atual prefeito de Porto Alegre, José Fortunati, decretou luto oficial de três dias pela morte de João Verle. Pelo Twitter, Fortunati lamentou o facelimento do ex-prefeito e prestou solidariedade à família e aos amigos.
Verle foi eleito vice-prefeito da Capital em 2000, na chapa de Tarso Genro (PT), e assumiu o Executivo municipal entre 2002 e 2004, depois que Tarso renunciou ao cargo para disputar a eleição para o governo do Estado. Antes, foi eleito vereador em Porto Alegre e candidato a vice-governador, em 1986.
Nascido em Caçador (SC) em 29 de novembro de 1939, ele exerceu as carreiras de político e economista. Foi vice-presidente da Sociedade de Economia do Rio Grande do Sul, presidente do Sindicato e do Conselho Regional de Economia da 4ª Região e presidente do Banrisul durante a gestão Olívio Dutra.