Cena do café da manhã no hotel que sedia um congresso de juristas. Falamos do espaço. O tempo? Dois anos atrás. Em mesa longe do barulho, certo professor universitário tenta deglutir o intragável alimento dado aos hóspedes. Flashback para a noite anterior no salão do evento: os profissionais do direito esquecem as leis mínimas da civilidade, abandonam os seus convidados e correm para bajular um candidato a poderoso, quase escolhido para o Supremo Tribunal Federal. Em seu discurso, o projeto de magistrado discorre sobre o quanto é importante defender o governo petista e o terrível perigo de a ele se opor. Aplausos fortes de apoio. O professor - da Unicamp - cujo discurso é crítico diante dos descalabros de todos os governos e partidos, se levanta e sai do ambiente. Mostra vergonha do que ouviu e testemunhou.
Colunistas
Roberto Romano: sobre alguns juristas
"Um juiz do excelso pretório que imagina descartáveis as artes de Maquiavel, Richelieu, Bismarck, Churchill, De Gaule, Kennedy, Kruschev, Obama, Putin, João Paulo II, Francisco - a lista é interminável - e considera a Staatsräson sem importância para os nossos dias? O fato escandaliza qualquer mente cultivada"