A cultura antiga gerou muitas palavras ligadas à falta de saber e prudência. Na Grécia, o sujeito sem refinamento mental ou físico era implicado na "amousia", a vida sem conhecimentos ou arte. Ele era um casca grossa. O termo para designar o deformado cognitivo é "anaístetos", insensível diante do belo ou verdadeiro. Platão inventou a palavra para os aferrados ao palpite inculto: "misólogos", inimigos do raciocínio. Na Grécia democrática, quem recusa a vida pública e se recolhe à ordem privada é o "idiótes". Como não vive entre debates e provas trazidas pelos demais, ele se agarra às crenças domésticas, não enriquece sua consciência em ações relevantes ao bem comum. Ao contrário dos que se empenham na política, ele imagina os valores de sua grei como os únicos válidos. Assim, tais idiotas criam obstáculos para a democracia, pois sempre estão dispostos a eleger indivíduos iguais a eles, os demagogos presos às certezas dogmáticas da clientela. O grego também nos legou vocábulos sobre a tola particularidade, a recusa do universal. Termos como idiossincrasia indicam o fechamento mental e físico de um grupo, o que o afasta dos outros seres humanos.
Colunistas
Roberto Romano: invectiva contra as idiotias
"Presos às frases simplórias, os idiotizados juram pela palavra de padres, pastores, líderes partidários (Hitler ou Stálin), demagogos. Eles imaginam que o planeta gira ao redor de suas certezas, sem outras formas legítimas de pensar"