Com a revitalização do Cais Mauá - e o consequente aumento de circulação na região central de Porto Alegre -, estão previstas 16 medidas para minimizar o impacto no trânsito. Segundo o Estudo de Impacto Ambiental e Relatório de Impacto Ambiental (EIA-Rima), entregue à prefeitura em 1º de julho, as mudanças incluem quatro ampliações de faixas em ruas e avenidas e um prolongamento de via. O foco maior é no deslocamento de automóveis.
O estudo, feito pela Matricial Engenharia Consultiva, inclui a proibição de estacionamento ao longo de todo o lado direito da Avenida Mauá. O objetivo é facilitar os acessos de táxi e ônibus ao local, além de permitir a ampliação das áreas de aceleração e desaceleração de veículos junto ao empreendimento e a reorganização de pontos do transporte coletivo.
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Outra ideia que chama atenção é fazer um prolongamento da Rua Ramiro Barcelos, com o projeto de um túnel sob a Avenida da Legalidade. A explicação é que atualmente não existe um acesso ao setor das Docas (onde serão construídas as torres do Cais Mauá), e a opção, hoje, seria ir até os armazéns para depois retornar.
O diretor-presidente da Empresa Pública de Transporte e Circulação (EPTC) e secretário municipal de Mobilidade Urbana, Vanderlei Cappellari, disse que o projeto para o trânsito foi construído aos poucos, em conjunto com a Matricial e a empresa Cais Mauá do Brasil S.A. Todas as contrapartidas definidas para reduzir os impactos no trânsito terão de ser cumpridas obrigatoriamente, sob pena de o empreendimento não obter aprovação do seu Estudo de Viabilidade Urbanística (EVU), destacou o secretário.
Cappellari considera que as medidas ajudarão a minimizar os congestionamentos que poderão ser causados pela ampliação do tráfego na região. Sobre o acesso de pedestres e ciclistas, lembrou que está prevista uma ciclovia na Mauá (conectada às ciclovias das avenidas Edvaldo Pereira Paiva e Loureiro da Silva) e outra dentro do empreendimento, ligando seus setores, além de duas sinaleiras na avenida e uma passarela na área do Gasômetro.
Nos encontros entre técnicos da EPTC e das empresas, houve uma discussão intensa sobre a hipótese de se construir uma passagem subterrânea para as pessoas cruzarem a Mauá a partir da Avenida Sepúlveda. Mas as sinaleiras para pedestres foram consideradas suficientes para as travessias, sem comprometer o fluxo de veículos.
- Claro que o empreendimento terá impacto no trânsito, mas as medidas vão reduzir ou eliminar totalmente os efeitos - garantiu Cappellari.
Diretor da Matricial, André Bresolin Pinto ressaltou que não há como absorver 100% do impacto no trânsito. Ao longo de praticamente seis meses de trabalho, ele encontrou diversos obstáculos para a definição de soluções definitivas para o trânsito, como a proteção aos patrimônios tombados e a confluência de projetos entre as diferentes secretarias municipais. Além disso, o espaço pouco mutável do Centro Histórico serviu de limitador.
- Se admite um pouco de impacto no trânsito pelo benefício que a revitalização trará para o Centro - justificou.
Promotor da Serenata Iluminada, evento que em 4 de julho tomou o espaço em frente ao Cais Mauá na Avenida Sepúlveda para protestar contra o empreendimento, Pedro Loss considera o projeto atual "insustentável". Ele questiona as obras que favorecem os carros no trânsito:
- Priorizar automóvel é andar na contramão do desenvolvimento local sustentável. Precisamos fazer do Cais um complexo cultural, ambiental, turístico, em prol das pessoas e para a cidade.
As obras do Cais Mauá serão feitas 100% com recursos do empreendedor - o total de gastos deve ficar em R$ 500 milhões. O início dos trabalhos está previsto para os primeiros meses de 2016, no setor dos Armazéns. No segundo semestre de 2017 deve começar a construção das torres comerciais, e, um ano depois, do shopping. Todo o complexo ficará pronto até o final de 2020, conforme os cronogramas que constam no EIA-Rima.
O EIA-Rima estará disponível por 45 dias para consulta da população na biblioteca da Secretaria Municipal do Meio Ambiente (Smam), localizada na Avenida Carlos Gomes, 2.120, na esquina com a Rua Luiz Voelcker.