Entre uma reunião e outra, a presidente da empresa Cais Mauá do Brasil S.A., Júlia Costa, conversou com Zero Hora sobre o projeto e especialmente a respeito do Estudo de Impacto Ambiental e Relatório de Impacto Ambiental (EIA-Rima), divulgado em 1º de julho. Dois pontos fundamentais do EIA-Rima são as supressões vegetais necessárias para a obra e as mudanças no trânsito na área central de Porto Alegre. Mas veio da presidente também uma novidade: depois de muito conflito, o empreendimento acena com uma parceria com o Cisne Branco para mantê-lo no cais, assim como o catamarã.
Confira as respostas da presidente em relação às questões apresentadas em reportagens de Zero Hora nesta semana.
Júlia Costa, presidente da Cais Mauá do Brasil S.A.
Foto: Cais Mauá do Brasil S.A., divulgação
Trecho da matéria: "O Cais Mauá chegará ao final desta década mais bonito, renovado e acessível à população. No entanto, estará menos verde. Ao menos é o que demonstra o capítulo do Estudo de Impacto Ambiental e do Relatório de Impacto Ambiental (EIA-Rima) sobre a vegetação do local. Para viabilizar o projeto, será preciso cortar 330 árvores - outras 19 serão preservadas ou transplantadas."
Júlia Costa - Na verdade, serão plantadas 769 mudas. Quando se diz "árvores", tem que apertar a tecla SAP do ambientalista. Estão incluídas nestas 330 unidades árvores a partir de 1,30 metro de altura, pouco mais altas que um arbusto. Dessas 330, a maior parte delas é exótica, são vegetais que foram trazidos para cá e não fazem parte da flora e do ecossistema local. De todas as árvores que serão afetadas, 350 no total, 330 serão suprimidas e 20 serão removidas e replantadas no entorno imediato.
Trecho da matéria: "Como compensação para os cortes no Cais Mauá, está previsto o plantio de 769 mudas. Mas não é certo que elas serão plantadas nas mesmas áreas onde ocorrerão os cortes."
Júlia - Muitas das mudas serão plantadas dentro do empreendimento. Claro que nem todas, 769 mudas é muito. A Smam já está vendo o que vai ser plantado dentro do empreendimento e o que não vai ser. A gente vai ter o acompanhamento desse plantio, normalmente elas vão vingar, porque serão plantadas por empresas especializadas, nos locais e condições adequadas. E tudo é analisado pela Smam, que dá o respaldo. É claro que no decorrer desse processo alguma planta pode morrer, mas é feito um estudo para garantir que ela esteja em uma condição certa para vingar.
Trecho da matéria: "Um contraponto à redução das árvores é o investimento da empresa Cais Mauá do Brasil S.A. em praças da Capital. Serão entregues 10 praças (entre elas, uma revitalizada), totalizando 11 mil metros quadrados de área verde."
Imagem mostra uma das praças que existirão no Cais Mauá revitalizado
Foto: Divulgação
Júlia - No total serão 10 praças com mais de 11 mil metros quadrados, correspondente, em relação ao centro da cidade, a um aumento de 40% em relação ao número de praças e 64% em área verde. São nove praças localizadas entre os armazéns e a Praça Edgar Schneider, no Setor Docas, localizada em frente ao prédio do frigorífico e que será revitalizada. As praças entre os armazéns terão pergolados, alguns deles com passagens cobertas com ligação aos armazéns para circulação de pedestres, protegida das chuvas entre um armazém e outro. Terão recantos de estar e lazer, com mobiliário urbano, arborização e tratamento paisagístico. As praças terão diferentes atividades, como recreação infantil, equipamentos de ginástica ao ar livre, bicicletário, chimarródromo, pista de skate, entre outras.
ZH - Por que há previsões de cortes na Praça Brigadeiro Sampaio? São 15 vegetais suprimidos e um transplantado.
Júlia - Há uma passarela que será feita ali. Terá 10 metros de largura e ligará a Praça Brigadeiro Sampaio ao shopping que será construído no setor Gasômetro do empreendimento. Em função dessa obra, teremos que fazer a realocação. Em toda a área afetada pelo empreendimento, 239 árvores existentes serão mantidas, sendo que 190 destas ficam na Praça Brigadeiro Sampaio.
Trecho da matéria: "Com a revitalização do Cais Mauá - e o consequente aumento de circulação na região central de Porto Alegre -, estão previstas 16 medidas para minimizar o impacto no trânsito. Segundo o Estudo de Impacto Ambiental e Relatório de Impacto Ambiental (EIA-Rima), entregue à prefeitura em 1º de julho, as mudanças incluem quatro ampliações de faixas em ruas e avenidas e um prolongamento de via. O foco maior é no deslocamento de automóveis."
Júlia - Sobre contrapartidas do projeto, a gente ainda não pode entrar em detalhes porque só serão aprovadas no Estudo de Viabilidade Urbanística. Mas, dentro dessas contrapartidas estão melhorias no trânsito, acessibilidade, ciclovias. Aquele túnel do Mercado Público, que está meio abandonado, será revitalizado, a gente vai melhorar o acesso a cadeirantes. Vamos fazer contrapartidas dentro e fora do empreendimento, para o município. Isso tudo será sacramentado na fase do Estudo de Viabilidade Urbanística. Tudo que impacta no meio ambiente está contemplado no EIA-Rima, mas outras contrapartidas serão dadas pelo empreendimento ao município, e essas só poderão ser discutidas mais na frente. Tem essas outras medidas mitigadoras, pode ter certeza que teremos bastante contrapartidas para o município.
ZH - Vocês já decidiram sobre a situação do barco Cisne Branco?
Júlia - O Cisne Branco hoje está aqui, a ideia é incorporá-lo ao projeto. A gente está fazendo uma dinâmica para incorporar o catamarã e o Cisne Branco. Mas isso é uma negociação que está em andamento. A gente acha que o Cisne Branco é uma atração turística da cidade e a gente quer tê-los como parceiros. Agora, todos os detalhes da questão estão sendo analisados. A gente tem todo o interesse em ter um prestador de serviço como o Cisne Branco aqui dentro.