O motorista de Porto Alegre está cada vez mais sufocado pela alta do preço da gasolina comum na Capital: as opções de valores mais baixos estão cada vez mais raras e menos atrativas. É o que revelou o quarto levantamento do Diário Gaúcho feito nesta quinta-feira em 80 postos das Zona Norte, Sul, Leste e Central de Porto Alegre.
Dessa vez, o menor preço encontrado foi de R$ 3,23, em um posto da Avenida Farrapos, R$ 0,13 abaixo da média de preços, que ficou em R$ 3,36. Em 12 de maio, última pesquisa feita pelo DG, era possível abastecer a R$ 2,92 em Porto Alegre, R$ 0,34 a menos que a média, de R$ 3,26. Ou seja: reduziu quase três vezes a diferença entre o posto mais barato e o valor médio praticado, o que significa menos oportunidades de economia para o comprador. O preço médio subiu R$ 0,10: de R$ 3,26 para R$ 3,36.
Por outro lado, a variação de valores está cada vez menor: 90% dos postos visitados nesta quinta-feira pelo DG estão vendendo gasolina a R$ 3,39. Em relação ao último levantamento, 70 estabelecimentos elevaram o preço, sete mantiveram o mesmo valor e nenhum baixou - três deles estão sem gasolina comum.
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O aumento verificado pelo DG vem surpreendendo a atendente de loja Vanessa Daniela Mizevski, 25 anos. Na semana passada, abasteceu em um posto da Avenida Nonoai na quarta-feira a R$ 3,27 e, dois dias depois, percebeu que o preço havia subido para R$ 3,37:
- Sem aviso, sem nada, não vi nada no noticiário sobre aumento. Agora não adianta procurar mais, o preço está igual na maioria dos postos.
Foto: Jeniffer Gularte/Agência RBS
A semelhança dos preços praticados pelos postos da Capital também está chamando atenção do Procon de Porto Alegre. Um levantamento feito pelo órgão nos dias 13 e 14 de julho resultou em notificações a 20 postos que, na penúltima verificação do Procon, praticavam preços a R$ 3,299 e agora estão usando a tabela de R$ 3,399.
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Os postos terão até o dia 24 para comprovar que este é um aumento natural de mercado. Caso contrário poderão ser multados de acordo com sua capacidade financeira e potencial lesivo do preço ao consumidor.
O diretor executivo do Procon Porto Alegre, Cauê Vieira, afirma que o Sindicato do Comércio Varejista de Combustíveis e Lubrificantes no Rio Grande do Sul (Sulpetro) também foi notificado a encaminhar uma comprovação de que tem reforçado aos seus filiados a informação de que não pode haver combinação de preços e uma explicação geral de como são compostos os preços.
- A orientação é que se pesquise muito antes, que localize um revendedor de confiança e sem preço abusivo - diz Cauê.
Por meio da assessoria de comunicação, a Sulpetro informou que não poderá atender ao pedido do Procon porque é proibida pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) de fazer qualquer ação que possa interferir no preço do combustível.
O preço da gasolina tem aumentado justamente no momento em que o consumo está baixando. Entre maio e abril de 2015, o consumo diminuiu 5,4% no Brasil e 7% no Rio Grande do Sul. Ao comparar maio deste ano com maio de 2014, a queda foi de 12,2% no País e 6,1% no Estado.
- Temos percebido que o preço tem aumentado sem que tenha aumentado na refinaria, esse aumento é deliberado pelo posto ou pela distribuidora. Esse movimento aparentemente não se explica porque para onde quer que se olhe o consumo está caindo. É contraditório _ avalia o coordenador da região Sul da Agência Nacional de Petróleo (ANP), Edson Silva.
Ele ressalta que o preço na refinaria só muda quando a Petrobrás decide por um reajuste ou quando há aumento de imposto pelo governo federal, que foi o que ocorreu em 1º de fevereiro deste ano. De lá para cá, não houve mais aumentos deliberados pelo governo.
"Está sempre aumentando"
A professora aposentada Maria Cecilia Moro, 68 anos, que antes conseguia completar o tanque com R$ 80, agora não gasta menos de R$ 100.
- Hoje (ontem) deu R$ 106, e está sempre aumentando.
No caso dela, diz que não consegue abrir mão do veículo devido aos poucos horários de ônibus que passam pelo bairro em que mora na Capital.
- Não tem jeito, mas não tenho abastecido toda semana, venho a cada dez dias.
Para o sócio-administrador de um posto na Avenida Bento Gonçalves, Rafael Lopes, a compensação no preço veio em função do aumento de gastos com energia elétrica, dissídio dos funcionários que passou a valer em julho e queda de 30% nas vendas.
- É um efeito cascata, estão todos reclamando, aumentou todos os serviços e temos que repassar.
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Jeniffer Gularte
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