Cassado pela Empresa Pública de Transporte e Circulação (EPTC) após denúncia de Zero Hora em reportagem do dia 12 de maio (veja no vídeo acima), o taxista Daniel Trindade Coelho, 33 anos, ainda não entregou o "carteirão" - autorização para trabalhar na profissão em Porto Alegre. O presidente da EPTC, Vanderlei Cappellari, diz que a licença será destruída na frente de Coelho, que matou o ciclista Joel Fagundes, 62 anos, na área do aeroporto Salgado Filho, no dia 8 de fevereiro. ZH tentou contato com a defesa do taxista, mas não obteve retorno.
Permissionário diz que não sabia da suspensão de taxista
- Ele precisa deixar o documento aqui, mas sumiu. Tentamos contato e não o encontramos. O carteirão está inválido e vence em setembro. Ele teria de renovar para trabalhar em outro prefixo. Se algum permissionário ceder o táxi para ele dirigir sem cadastro, será responsabilizado - garante Cappellari.
Coelho estava com a licença suspensa até ser julgado por homicídio culposo pelo atropelamento do arquiteto Joel Fagundes, atingido na Avenida Severo Dullius quando andava de bicicleta em um domingo pela manhã. Ele já havia sido condenado por outras duas mortes, há oito anos, e foi solto graças a um indulto.
Durante a primeira semana de maio, ZH acompanhou os movimentos de Coelho e constatou que ele utilizava o mesmo prefixo (2742), veículo (Voyage vermelho) e placa do táxi que dirigia no dia do acidente. Em uma corrida com a reportagem, ele falou que atua sempre no aeroporto e, no final, alterou as informações do automóvel em um recibo (imagem abaixo).
Ao ser questionado se pegava passageiros no Salgado Filho, respondeu:
- Aham, bastante. Se eu não puder, meu pai te atende também, em outro táxi.
Ele já havia feito outras duas vítimas, em 2005, num atropelamento na Avenida Assis Brasil. Na ocasião, trafegava a 130 km/h, com os faróis desligados, quando atingiu e matou Alessandro Boeira Inda e Daniel Vieira Lopes. O permissionário do táxi que Coelho conduzia, Elias Teófilo de Souza, o descadastrou e alegou que não sabia da suspensão.
Crédito: Ronaldo Bernardi / Agência RBS
Além de não respeitar a suspensão da licença, Trindade seguia conduzindo o táxi em alta velocidade, inclusive dentro da área do Salgado Filho. Na corrida feita com a reportagem, ele andou por avenidas como Ipiranga, Bento Gonçalves e Aparício Borges em picos de velocidade de até 100 km/h.
Crédito: Ronaldo Bernardi / Agência RBS