* Colaborou Guilherme Justino
A reportagem de ZH percorreu simultaneamente de ônibus e de carro o trecho das avenidas Cavalhada, Nonoai e Teresópolis nos horários de pico. Na última sexta-feira, o tempo foi quase o mesmo pela manhã. No início da noite, a viagem de carro foi quase dois minutos mais demorada.
Na avaliação do engenheiro de transporte Luis Antonio Lindau, fundador do Laboratório de Sistemas de Transportes da UFRGS (Lastran) e presidente da Embarq Brasil, entidade que busca soluções para o transporte urbano, o tempo de viagem maior em relação ao verificado logo após a implantação do corredor pode indicar, inclusive, um "problema do sucesso": mais pessoas podem estar fazendo o trajeto de ônibus, exigindo, assim, mais coletivos no trecho. O especialista exalta a equivalência ao tempo de tráfego dos carros no local, destacando que os ônibus beneficiam um número maior de pessoas.
Nos horários de maior movimento, três em cada quatro pessoas que circulam pelo trânsito no eixo Cavalhada são passageiros de ônibus. São 18.420 usuários do transporte público e 6.243 condutores, conforme a EPTC. Para Lindau, é preciso mais faixas exclusivas para que se crie uma cultura maior de uso do transporte público.
- Os ônibus dão a possibilidade de transportar 10 vezes mais gente do que um carro. O que precisamos é levar mais gente nas cidades, e o que não podemos é dar mais espaço para os carros. Como é 10 vezes mais eficiente em termos de transporte uma faixa dedicada ao ônibus, temos de colocar mais dessas faixas na cidade - avalia Lindau.
Entre passageiros e motoristas, a faixa ainda divide opiniões. Pelos usuários de ônibus, a maior rapidez na viagem é comemorada:
- No horário de pico, o movimento de carros é grande, mas não tem mais o troca-troca de pistas para ultrapassar os ônibus, o que trancava tudo. Acho que melhorou para todo mundo - disse a promotora de vendas Elisângela Florentino, 42 anos.
Já os motoristas de carro querem a terceira faixa de volta para aliviar o fluxo intenso acumulado nas duas que restaram. Dono de uma loja de autopeças na Avenida Nonoai, Roberto Longaray, 54 anos, reclama que chega a levar 20 minutos para percorrer dois quilômetros da Avenida Cavalhada nos horários de pico, enquanto muitas vezes a faixa de ônibus está completamente desocupada.
- Para automóveis, não adiantou nada, só piorou. A gente luta para comprar carro e ter conforto, mas aí não consegue chegar rápido em lugar nenhum e ainda fica estressado com o acelera e freia do congestionamento - reclamou o comerciante.
No mapa, confira o trecho percorrido por ZH na faixa exclusiva: