Um arrombamento a uma escola do Bairro Partenon, em Porto Alegre, na madrugada de segunda-feira, trouxe à tona um problema antigo, que pode se transformar em tragédia. Através de uma fenda no muro que dá acesso ao jardim de infância da Escola Estadual de Ensino Fundamental Doutor Martins Costa Junior, ladrões entraram no pátio, quebraram os vidros e levaram brinquedos dos pequenos. O episódio chamou a atenção para o risco iminente de queda do muro, que vem sendo desgastado pela erosão e movido pelas raízes de uma árvore centenária plantada no terreno.
Na manhã de ontem, além da Brigada Militar, que apurava o furto, estiveram na escola fiscais da Defesa Civil, que avaliaram as condições do terreno e entregaram à direção uma notificação para eliminação do risco, que deverá ser entregue ao corpo técnico da Secretaria Estadual de Educação.
- É preciso fazer um escoramento deste muro com urgência, porque ele pode cair sobre a calçada e atingir pedestres - alertou um dos fiscais.
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Aulas foram suspensas
Segundo a direção, o pátio, que antigamente funcionava como área de recreação dos alunos do jardim da infância, foi interditado em 2012 pela Secretaria de Educação (Seduc), que, no entanto, nunca mais retornou o local nem efetuou qualquer reparo.
- Nunca houve sequer um isolamento da área. Além da fenda no muro, tem um buraco no meio do pátio. O terreno está afundando. Além do perigo de um acidente grave, ficamos vulneráveis à ação dos bandidos - lamenta a diretora, Maria Antonieta Dias.
As aulas dos cerca de 650 alunos atendidos pela escola foram suspensas ontem e hoje, e uma reunião será feita com os pais para comunicar dos riscos.
Em nota, a Secretaria Estadual de Educação afirmou que há um processo, em análise na Secretaria de Obras, prevendo a demolição e construção de um novo muro, além de outras reformas, como a do piso. "Diante da gravidade da situação do muro, constatada pela Defesa Civil, a Seduc irá orientar a escola a abrir um novo processo, de forma emergencial, para que seja feito o reparo individualizado do muro, o quanto antes", completa a nota.
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Sem professor graças à violência
Este foi o quarto ataque à escola Martins Costa Junior nos últimos anos. Isto sem contar nas investidas contra o corpo docente. Na semana passada, um professor de História se acidentou na saída do expediente, depois que vândalos furaram os quatro pneus de seu carro. Ele abandonou o trabalho.
- Estamos sem professor de História porque ele não aguentou a violência e saiu. Também já tive os pneus do meu carro furados. A segurança está muito precária - lamentou a supervisora educacional Maria Julia Farias.
Brigada dialoga em prol da segurança
Contatado pela reportagem, o comandante do 19º BPM, responsável pelo policiamento na região, esclareceu que medidas preventivas estão sendo adotadas.
- Já estamos estipulando policiamento com motos, que estão entrando nas escolas, além de viaturas que estão fazendo mais paradas em pontos estratégicos - afirmou o tenente-coronel Carlos Souto.
O oficial garantiu, ainda, que ações de segurança definitivas estão sendo estudadas com base no diálogo com a comunidade.
- Vamos fazer uma reunião com diretores e professores de todas as escolas da região, com todo o meu pessoal que faz a gestão do policiamento. A ideia é levarmos todos os dados que temos e confrontar com os dados das escolas para fazermos um mapeamento e estipular prioridades - ressaltou.