Se as lotações, que também devem sofrer reajuste no valor das passagens, oferecem evidentes vantagens em relação aos ônibus, como assentos mais confortáveis, flexibilidade de paradas dentro da rota e ar condicionado em toda a frota, elas também têm de passar pelo crivo de usuários mais exigentes. Em 2014, eles não perdoaram: 3.192 reclamações sobre o serviço foram registradas pela prefeitura.
O número é um pouco menor em relação a anos anteriores: em 2013, foram 3.268, e em 2012, 3.439. A maior parte está relacionada a imprudências no trânsito, seguidas por recusas de embarque, transporte de passageiros em pé e reclamações sobre o comportamento dos motoristas e estado de conservação dos veículos.
Usuário do serviço diariamente há cerca de cinco anos, o relações públicas Rodrigo Schmidt adotou as lotações devido à insatisfação com os ônibus da Capital, frequentemente superlotados, muitos deles sem ar condicionado e com problemas de higienização, segundo ele. Deparou, porém, com problemas novos e antigos:
- Eu acho 75% melhor do que andar de ônibus. Os 25% são as vezes em que a lotação está suja, o ar condicionado não dá conta, por falta de manutenção, e os motoristas não têm troco - conta Schmidt, que nunca reclamou à prefeitura sobre os problemas do serviço.
Para o relações públicas, a tarifa a R$ 5 seria um desmotivador para continuar utilizando as lotações, uma vez que o valor já não corresponde a um bom custo benefício, conforme sua avaliação.
- Mesmo se não tivesse esses problemas não valeria a pena, porque já está muito caro R$ 4,40. Se aumentar, eu vou usar meu outro transporte, que é a bicicleta. Mas vou ter de mudar a minha rotina - admite.
O webdesigner Lucas Sanchez, que pega lotação de três a quatro vezes por semana, para voltar de festas, acredita que, caso a passagem chegue a R$ 5, o serviço só valerá a pena para usuários como ele: eventuais. Morador da Zona Sul, ele comemora o fato de poder voltar para casa sem precisar de táxi.
- É legal para voltar das festas porque tem a madrugada inteira. Mas para quem usa sempre, ficará bem mais pesado - avalia.
Apesar de estarem na casa dos milhares, as reclamações do serviço de lotação ainda ficam bem abaixo das relacionadas ao transporte coletivo, que, em 2014, chegaram perto das 23 mil. Enquanto para as 404 lotações, o número fica em torno de sete por dia, os 1.697 ônibus da Capital produzem, em média, 63 reclamações diariamente. Segundo a EPTC, estão sendo tomadas medidas para amenizar a insatisfação dos usuários dos seletivos, principalmente no que diz respeito à conduta imprudente dos motoristas no trânsito.
- Estamos preparando uma resolução que deve sair até o fim de fevereiro, determinando que todas as lotações tenham limitador de velocidade, para ser implantada em um prazo de 90 dias - disse Vanderlei Cappellari.
Atualmente, 30% da frota dos lotações conta com o equipamento que limita a velocidade de tráfego na cidade a 60km/h.
*ZERO HORA