O sucateamento de uma empresa que já foi referência nacional em transporte público tem deixado passageiros na mão e funcionários sem ter como trabalhar. De parafusos a itens do motor, a falta de peças faz com que quase 70 ônibus da Carris - 18% dos 371 que compõem a frota - fiquem estacionados na oficina. Enquanto isso, usuários como a auxiliar de cozinha Rosi Maria Barbosa, 41 anos, perdem tempo nas paradas.
- Demorou meia hora para chegar, eu já estava me estressando - contou Rosi a bordo do T2A, na manhã de sexta-feira passada.
Parece, mas não foi o ônibus de Rosi que atrasou. Na verdade, a viagem do horário das 10h45min não aconteceu. Com isso, o intervalo que deveria ser de 15 minutos, passou para meia hora.
- Hoje, se eu quero fazer qualquer coisa, saio de casa duas horas antes, porque não sei a hora que vou chegar - reclama a comerciante Gelci Terezinha Bernardo, 60 anos.
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Horários não são cumpridos
A precaução de Gelci se justifica. Com base em uma inspeção realizada na semana passada, o Conselho Municipal de Transporte Urbano (Contu) estima que cerca de 250 viagens não são cumpridas diariamente pelos ônibus da Carris - aproximadamente 5,75% do total de trajetos cumpridos pela empresa, que nesta terça-feira foi de 4.349.
- Quando estivemos lá (na oficina da Carris), havia 68 ônibus parados. Em condições normais, este número não poderia passar de 35 - analisa o presidente do Contu, Jaires Maciel.
Rosi (E) e Gelci sofrem com a demora nas linhas (Foto Fernando Gomes/Agência RBS)
Transporte público
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Jeniffer Gularte
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