A direção da Associação Portuguesa de Beneficência entregará nesta quarta-feira, 3, ao Departamento de Assistência Hospitalar e Ambulatorial (DAHA), da Secretaria Estadual da Saúde, documentos que indicam os valores e a estimativa de tempo necessária para as reformas do Hospital Regional Barra do Ribeiro. Segundo o diretor hospitalar da Beneficência, Carlos Melotto, a Associação aguarda desde o início do ano a liberação para assumir o prédio inaugurado há 14 anos pela prefeitura, Estado e União e que até hoje jamais abriu as portas.
- Na segunda-feira passada, tivemos uma reunião com o Estado e nos foi exigido este documento complementar. Nossa expectativa é que até o final desta semana tenhamos alguma resposta positiva da Secretaria - acredita Carlos.
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Em caso de aprovação da cessão do prédio e reforma das estruturas já existentes, calculada em R$ 3 milhões com financiamento do Estado, a Associação terá até três meses para assumir o local. Carlos garante que a entidade assumirá em, no máximo, 30 dias. O hospital será 100% Sus.
- Assim que tivermos a liberação, queremos assumir a administração. As reformas levarão dez meses para serem concluídas - informa.
Abandono desde 2000
Iniciada pelo Estado em 1986, a instituição só foi concluída em 2000. Neste período, prefeitura e União e até moradores da região contribuíram com dinheiro para ter o prédio funcionando. Estima-se investimentos de R$ 6,5 milhões no prédio de 3 mil metros quadrados.
A prefeitura alega não ter como manter o hospital em pleno uso porque precisaria de R$ 2 milhões por mês e o orçamento mensal do município é de R$ 1,8 milhão. Enquanto a situação não se define, equipamentos encaixotados desde 1999, enviados pela União, amontoam-se nas salas vazias do prédio.
Hospital de Barra do Riberto construído há 15 anos nunca foi inaugurado
A cronologia do abandono:
1986: A construção do hospital foi idealizada pelo então governador Jair Soares na tentativa de eliminar a lotação da rede em Porto Alegre.
1987: A inflação acabou sugando um repasse estadual de 3 milhões de cruzados (cerca de R$ 1 milhão em valores atuais) antes da finalização dos alicerces. Preocupados com a obra, moradores da região contribuíram com lotes de terra, animais e materiais de construção na tentativa de ter verba para continuar a construção.
2000: Com a maior parte dos recursos vinda dos moradores, a obra foi concluída. Uma placa foi colocada na entrada do prédio homenageando os doadores.
A partir de 2000: Prefeitura, governo estadual e União trocam acusações sobre a responsabilidade pelo abandono do prédio. Nenhuma das esferas revela o custo total da obra.
2012: A Assembleia Legislativa instala a Frente Parlamentar para abertura da instituição.
2013: Define-se que a Associação Portuguesa de Beneficência administrará o local. O Estado assume a manutenção e os profissionais.
2014: Em janeiro, prefeitura, Estado e Associação assinam termos de cessão de uso de estruturas já existentes e de contratualização dos serviços pelo Sus, com financiamento dos governos estadual e federal. Promotor Daniel Indrusiak, da Promotoria de Justiça da Barra do Ribeiro, ingressa com ação civil pública alegando que o contrato firmado não é claro sobre as responsabilidades de cada parte. Caso segue na Justiça.
Saúde
Documentos do Hospital Regional Barra do Ribeiro serão entregues hoje
Expectativa da Associação Portuguesa de Beneficência é ter resposta positiva da Secretaria Estadual da Saúde até o final desta semana
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