Um dia após a publicação da resolução do Conselho Deferal de Medicina (CFM) que limita o tempo de atendimento a duas horas em pronto-socorros e emergências de hospitais, as instituições particulares admitem dificuldades em cumprir a determinação. Nas principais emergências que atendem por convêncio em Porto Alegre a demora para atendimento a casios menos graves pode chegar a até seis horas, o triplo do preconizado pela resolução da entidade federal.
Na tarde desta quarta-feira (17) as seis principais emergências particulares da capital foram consultadas pela reportagem. Em três delas, os responsáveis pelos setores disseram que não há como aplicar o tempo de duas horas a todos os pacientes. A maior espera está no Hospital São Lucas da PUC, onde após a triagem é preciso aguardar até seis horas em casos menos graves. Na outras instituições, como a Santa Casa e o Ernesto Dornelles, o tempo para o atendimento tem média de quatro horas.
O presidente da Federação dos Hospitais e Estabelecimentos de Saúde do Rio Grande do Sul (Fechosul), que representa os hospitais privados no estado, Cláudio José Allgayer, não garante o cumprimento da medida.
"Em função da precariedade da rede pública, os pacientes (de menor gravidade) acabam se direcionando às nossas emergências. Mas não são clientes para os quais as nossas emergências foram construídas e se propõe a atender, que são os casos graves. Esses pacientes, portanto, acabam esperando um pouco mais", afirma Cláudio José Allgayer.
A única emergência particular de Porto Alegre que afirmou não ter grande problema em cumprir a resolução do Conselho Federal para todos os pacientes é a do Hospital Divina Providência, onde o tempo médio de atendimento nesta quarta-feira não passa de duas horas. O médico responsável pela emergência do Hospital Mãe de Deus também avalia a situação como delicada e não garante atendimento a todos os pacientes em até duas horas. Todos os hospitais consultados pela reportagem, no entanto, afirmam que os pacientes com situação considerada grave são atendidos em no máximo duas horas, como prevê a norma. A reportagem ainda aguarda posicionamento do Hospital Mãe de Deus. O Conselho Federal de Medicina também foi procurado e ainda não deu respostas.
Na terça-feira (16), data da publicação das novas diretrizes, o Conselho Regional de Medicina (Cremers) e a Secretaria Municipal da Saúde já haviam manifestado posicionamento semelhante.