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Entre 1865 e 1866, foram instalados em Porto Alegre sete chafarizes de ferro fundido monumentais encomendados da França pelo governo na província. O objetivo era que eles fornecessem água e adornassem a cidade. Dois deles, o da Praça da Alfândega e o da Praça do Portão, foram inaugurados pelo próprio imperador D. Pedro II. Os demais ficavam na Praça da Caridade (atual Dom Feliciano), na Praça da Harmonia (hoje Brigadeiro Sampaio), no potreiro da Várzea (campus central da UFRGS), no Alto da Bronze (Praça General Osório) e na Praça do Mercado (Praça XV). Seis desses chafarizes desapareceram entre 1900 e 1920. O único que sobreviveu foi o que ficava diante do Mercado Público, hoje instalado na Redenção e conhecido como Chafariz Imperial.
1866 - Chafariz de mármore do Guaíba e afluentes (Praça Dom Sebastião)
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Ao lado do Colégio Rosário, está o que restou do monumento mais antigo da Capital. São os resquícios de um chafariz que homenageava o Guaíba e seus afluentes (Caí, Sinos Gravataí e Jacuí), na Praça da Matriz. Em 1911, a obra foi desmontada, e as estátuas, desmembradas e colocadas em um depósito. Em 1924, o jornal Correio do Povo revelou que as peças haviam sido vendidas a uma marmoraria para virar pó de mármore. Após a repercussão, foram recompradas pela prefeitura, com a promessa de instalação na Praça Montevidéu - o que não aconteceu.
Os restos do monumento - as estátuas representando os quatro afluentes, mas não o chafariz e a estátua do Guaíba - voltaram a ser vistos só em 1935, na Praça Dom Sebastião, mas separados. Alvo de roubos e pichações, foram removidas em 1983.Voltaram à praça três anos depois, reagrupadas. A prefeitura promete transferi-las em breve para a hidráulica do Moinhos de Vento.
1927 - Busto de Apolinário Porto Alegre (Praça Argentina)
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De autoria de Alfred Adloff, era considerado um dos bustos mais belos do país. Mostrava o escritor com ar pensativo, segurando um livro, nas proximidades do local onde costumava deixar o carro. Foi roubado em 2003. Segundo José Francisco Alves, a Câmara Municipal e a prefeitura passaram quase dois anos discutindo a transferência do monumento sem saber que ele já havia sido levado.
1940 - Os marcos de Vargas (Avenida Farrapos)
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Dez anos depois de deixar o Rio Grande do Sul para derrubar o governo, Getúlio Vargas voltou a Porto Alegre em 1940, na condição de ditador, para protagonizar um surto inauguratório. Uma série de marcos espalhados pela cidade dão testemunho da visita. O mais notável deles é o obelisco que marca a inauguração da Avenida Farrapos, localizado na Praça Pinheiro Machado. Vargas descerrou o monumento de granito, com quatro metros de altura. As placas que ornavam o obelisco sumiram.
Em 2004, depois de anos de pesquisa, o professor José Francisco Alves publicou o livro A Escultura Pública de Porto Alegre, um inventário detalhado de cerca de 400 monumentos da cidade. Quando enviou a obra a Barcelona, os espanhóis não acreditaram que uma cidade tivesse nas ruas o patrimônio listado.
- Chamaram-no para dar cursos sobre o tema.
Passada uma década, o que o leitor encontra ao folhear o livro não é um inventário de patrimônio, é uma Porto Alegre que não existe mais. No volume, Alves já denunciava o processo de perda da arte pública, mas o problema se agravou de lá para cá.
- O que chama a atenção é que a cidade tinha não só grande quantidade, mas também variedade de obras.
Segundo o pesquisador, uma parte considerável dos monumentos e esculturas foi perdida nos últimos 15 anos, devido a ondas de furtos ocorridas em 1999, 2002, 2008 e na virada de 2013 para 2014 - quando até bustos pesados de bronze de artistas importantes como Antônio Caringi e Fernando Corona foram roubados. O problema não foi apenas o crime. Alves cita como exemplo uma escultura patrolada durante uma obra da prefeitura. Mas a história de perda do patrimônio é mais antiga.
1865-1866 - Chafarizes monumentais (Vários locais)