Se depender dos vereadores, a principal via de chegada à capital gaúcha passará a se chamar Avenida da Legalidade e da Democracia. Na tarde desta quarta-feira, a mudança da denominação da Avenida Presidente Castelo Branco foi aprovada pela maioria.
Para passar a valer, o nome também deve ser aprovado pelo prefeito José Fortunati (PDT), que tem 15 dias para sancionar a lei. Fortunati, cujo partido foi fundado por Leonel Brizola, líder da campanha da Legalidade, preferiu não se manifestar e diz que vai estudar com calma a análise técnica que será feita pela Secretaria Municipal de Urbanismo (Smurb). O parecer verifica se não há algum logradouro com nome semelhante ou igual na cidade, para evitar problemas futuros com os Correios.
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O fato de não existir moradores registrados na avenida, que tem cerca de três quilômetros de extensão, da rodoviária até a ponte do Guaíba, facilitou o andamento da proposta. Mesmo assim, o debate no plenário foi acalorado.
Presente nas galerias, integrantes do Comitê Carlos de Ré, de defesa pelos direitos humanos, deram o tom das vaias e aplausos aos discursos. Ao contrário do que ocorreu três anos atrás, quando recebeu 16 votos contrários, o projeto ganhou aceitação de 21 dos 31 vereadores presentes.
Foto: Júlio Cordeiro, Agência RBS
Autor do projeto em parceria com a vereadora Fernanda Melchionna (PSOL), Pedro Ruas (PSOL) enfatizou a importância da alteração:
- O nome atual é ilegal, não foi aprovado por ninguém. Estamos tirando o nome de um ditador e colocando o do maior movimento cívico do Rio Grande do Sul - disse, sob aplausos.
Uma das cinco contrárias ao projeto, a vereadora Mônica Leal (PP) disse, sob vaias, que o mérito do movimento em defesa da posse do presidente João Goulart, em agosto de 1961, já foi contemplado com o Largo da Legalidade, em frente ao Palácio Piratini.
- Modificar uma denominação já institucionalizada de conhecimento popular significa descaracterizar um ponto de referência - alegou.
No site da Câmara, veja como cada vereador se posicionou.
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ENTENDA OS NOMES
Quem foi Castelo
Nascido em Fortaleza, o marechal Humberto de Alencar Castelo Branco foi um dos principais articuladores do golpe que destituiu Jango. Tornou-se o primeiro presidente do período militar, em 1964. Ficou no cargo até março de 1967. Morreu quatro meses depois.
O que foi a Legalidade
O movimento da Legalidade, liderado pelo governador do Rio Grande do Sul, Leonel Brizola, defendeu, em agosto de 1961, a posse do vice-presidente João Goulart (Jango), que estava em missão oficial na China, depois da renúncia do presidente Jânio Quadros.