A notícia de que as bicicletas são mais vendidas do que carros novos na Europa foi recebida com festa por quem torce pelo transporte alternativo nas grandes cidades. Por lá, é a primeira vez que isso acontece em praticamente todos o países. No Brasil, a venda de bicicletas supera a venda de carros novos há pelo menos quatro anos.
Dados da Associação Brasileira dos Distribuidores de Bicicleta (Abradibi), mostram que em 2011 foram vendidas 6 milhões de unidades. No mesmo ano, conforme dados da Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave), 3,6 milhões de automóveis novos vendidos. Os números são parecidos com anos anteriores. Os dados de ambas entidades, disponíveis desde 2008 mostram isso. Naquele ano, quando 4,8 milhões de carros foram vendidos, 5,8 milhões de bikes saíram das lojas.
A diferença dos países da Europa para o Brasil é a maneira como as bicicletas são usadas por aqui. Metade de todas as bikes vendidas no país são usadas para transporte. Para o engenheiro Edgar Cândia, o problema está na formação das grandes cidades. Especialista no tema e presidente do Sindicato da Arquitetura e Engenharia no Rio Grande do Sul (Sinaenco-RS), Cândia diz que os centros urbanos brasileiros sempre privilegiaram o automóvel e deixaram os meios alternativos para as periferias.
- Apesar de as cidades estarem mais receptivas, ainda falta muito para encorajar os novos ciclistas. No Brasil, além de não termos vias adequadas, não temos estrutura para o ciclista. Em Porto Alegre não há sequer bicicletários públicos - avalia.
Outro problema no Brasil, e em cidades como Porto Alegre, é o relevo. O engenheiro acredita que os declives e aclives intimidam os iniciantes nas pedaladas. Enquanto isso, as ciclovias andam a passos lentos na Capital. Dos 495 quilômetros previstos no Plano Diretor Cicloviário, menos de 20 quilômetros estão prontos quatro anos depois.
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Ouça a entrevista do engenheiro, Edgar Cândia