Autor dos livros que deram origem aos filmes Insônia e Antes que o Mundo Acabe, o escritor Marcelo Carneiro da Cunha lança na Feira Filho de Peixe, romance infantojuvenil baseado em uma história real no litoral de Pernambuco. Às 14h de hoje, ele ministra a oficina O Olhar Ficcional, na Galeria Mamute (Caldas Junior, 374). E, às 19h, autografa o novo título na Praça de Autógrafos.
Zero Hora -Qual é a história de "Filho de Peixe"?
Marcelo Carneiro - O livro conta a história de uma vila de pescadores que sempre viveu de pescar no coral, e descobre que o coral está morrendo. Eles têm que decidir se aceitam criar uma área de proteção, que irá proteger o coral, mas desproteger eles próprios, ou deixar tudo como está. O que torna o livro mais interessante, para mim, é que a realidade que ele descreve está mesmo acontecendo, e essas pessoas têm mesmo que tomar essa decisão. Não consigo imaginar algo mais dramático ou mais intenso.
Zero Hora - O que achou de "Insônia" e "Antes que o Mundo Acabe", os filmes?
Marcelo Carneiro - Tomar a ficção criada em um meio e levar para o outro é sempre um processo cheio de riscos, e com oportunidades interessantes para a obra. Cresci em um século dominado pela narrativa audiovisual, e acho muito natural que a ficção que eu produzo seja transportada para o cinema, que é mesmo de onde ela saiu, mais ou menos. E, assim como não me sinto muito capaz de ler os meus livros, não me sinto equipado para ver os filmes que fizeram com eles. O que eu sinto é que o Antes que o Mundo Acabe foi muito bem recebido e impressionou muito. Insônia não foi lançado e me falta esse retorno pra eu saber o que achar do filme.
Zero Hora - Quais as diferenças entre escrever narrativas infantojuvenis e escrever literatura adulta?
Marcelo Carneiro - Para mim, que não me interesso por categorias, e apenas por personagens, um livro adulto é narrado por um adulto desde uma perspectiva adulta, e um livro juvenil é narrado por um garoto desde uma perspectiva adolescente, ou pré-adolescente. Um livro com narrador garoto, mas com uma perspectiva adulta, como um Segundo Tempo, do Michel Laub, é, naturalmente, um livro adulto. Mas o mais importante é que um livro chamado juvenil que seja real, de boa ficção, pode ser lido com prazer e ganho por gente de qualquer idade.