Responsável pelo atentado ao Supremo Tribunal Federal (STF), Francisco Wanderley Luiz, 59 anos, se filiou ao PL e concorreu a vereador em 2020 em Rio do Sul, em Santa Catarina. Apesar disso, a direção da sigla no município sustenta que o autor do ataque em Brasília não tinha ação partidária, preferindo exercer a militância política de forma pessoal e por meio das redes sociais.
Presidente do PL em Rio do Sul, Milton Goetten afirma que nunca teve contato direto com Luiz, mais conhecido na cidade como Tiu França.
— Nunca encontrei, nunca conversei com ele. Concorreu a vereador, mas não tinha envolvimento com o partido, não exercia ação partidária. A campanha dele em 2020, inclusive, foi feita de forma muito individualizada — sustenta Goetten, que assumiu a presidência do diretório municipal em julho do ano passado.
O dirigente do PL diz não acreditar que o clima político no município, caracterizado pelo amplo apoio à direita e pela rejeição à esquerda (Jair Bolsonaro obteve 76,5% dos votos na última eleição presidencial, contra 23,5% de Lula) tenha relação com a radicalização de França observada ao longo dos últimos meses.
— Rio do Sul é uma cidade pacata. O que aconteceu não foi provocado pela divisão entre direita e esquerda, mas por problemas de ordem pessoal e familiar — opina Goetten, em referência a episódios como a separação da esposa e perdas provocadas por uma grande enchente na cidade em novembro do ano passado.
O presidente do PL afirma que não há atritos provocados por razão partidária no município, nem acredita que o episódio em Brasília vá acirrar os ânimos.
Moradores de Rio do Sul que se assumem mais alinhados à esquerda, porém, contam uma versão um pouco diferente. Irimar José da Silva 62 anos, entende que há um clima de permanente tensão política na cidade, embora geralmente não resulte em violência explícita.
— Quem é mais de esquerda se encolhe, até evita falar de política. Eu até prefiro ficar em casa, nem saio muito. Antigamente, era possível se envolver em debates políticos, agora não se pode mais para não correr risco de causar uma briga — avalia Silva.