O jornal estadunidense The New York Times publicou nesta quinta-feira (17) uma entrevista com o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Luís Roberto Barroso. Na conversa, conduzida pelo chefe da sucursal brasileira da publicação, Jack Nicas, Barroso foi questionado sobre as críticas de que o STF extrapola seus poderes, podendo representar ameaça à normalidade democrática. O ministro respondeu que a Corte "defende vigorosamente a democracia".
— E cumprimos este papel em face de um movimento que eu considero global, radical e de extrema direita, e que ataca instituições, faz circular desinformação e, isto ainda está sob investigação, talvez tenha até tentando um golpe — argumentou o presidente do Supremo.
Na quarta-feira (16), o New York Times publicou uma reportagem intitulada "A nêmesis brasileira de Elon Musk está salvando ou ferindo a democracia?", na qual trata justamente das críticas às decisões do STF feitas, principalmente, por políticos de direita no Brasil.
Barroso argumentou que o contexto justifica as ações da Corte:
— Tivemos um desfile de tanques de guerra aqui em frente à Suprema Corte para intimidar o tribunal. Tivemos um pedido do ex-presidente da República para que caças fizessem voos rasantes aqui sobre a Suprema Corte para quebrar as janelas. Enfrentamos um presidente que, no dia da independência do Brasil, atacou pessoalmente ministros da Suprema Corte e ameaçou não cumprir mais as decisões judiciais.
Outro ponto abordado por Nicas foi a posição do STF em relação à derrubada de conteúdos e perfis nas redes sociais. O presidente do STF ponderou que a Constituição brasileira é muito diferente da americana e que o Brasil não tolera discursos que incitam a violência, como em algumas interpretações da primeira emenda da Carta dos EUA.
Perguntado sobre o caso do bloqueio do X (antigo Twitter), Barroso afirmou que a suspensão nada teve a ver com liberdade de expressão, sendo pautada somente pela legislação brasileira, descumprida pela empresa de Elon Musk.
— O que o X fez? Retirou seus representantes. Portanto, cometeu um ato ilegal e, assim, não pôde operar no Brasil — disse o ministro.