O presidente Luiz Inácio Lula da Silva decidiu recriar a Comissão Especial sobre Mortos e Desaparecidos Políticos. O órgão, cuja atribuição é investigar crimes praticados durante o período do regime militar, foi extinto em 2022, durante o governo de Jair Bolsonaro.
Segundo o jornal Folha de S. Paulo, o despacho revogando a extinção será publicado no Diário Oficial da União desta quinta-feira (4). Lula também vai nomear os integrantes da comissão, entre eles a procuradora da República Eugênia Augusta Gonzaga, que presidiu o órgão até o primeiro ano da gestão Bolsonaro, quando foi exonerada. Também vão compor o colegiado a professora universitária Maria Cecília Oliveira Adão, indicada pela sociedade civil, a deputada federal Natália Bonavides (PT-RN) e o representante do Ministério da Defesa, Rafaelo Abritta.
A recriação da comissão foi uma promessa de campanha do presidente. Uma declaração dele durante entrevista em fevereiro, porém, foi interpretada como um sinal de que ele não estava disposto a levar adiante a ideia. Na ocasião, ele disse que estava "mais preocupado com o golpe de janeiro de 2023 do que com o de 1964", em alusão ao episódio em que apoiadores de Bolsonaro invadiram e depredaram os prédios dos três poderes em Brasília por não aceitar a derrota nas urnas.
- É uma parte da história do Brasil (o regime militar) que a gente ainda não tem todas as informações, porque tem gente desaparecida ainda, porque tem gente que pode se apurar. Mas eu, sinceramente, eu não vou ficar remoendo e eu vou tentar tocar esse país para frente - disse, na ocasião.
Já em março, Lula vetou um ato de repúdio ao golpe de 1964 que o Ministério de Direitos Humanos pretendia realizar para marcar a passagem dos 60 anos do episódio.
A comissão foi criada em 1995 pelo então presidente Fernando Henrique Cardoso. A extinção em 2022 aconteceu a 15 dias do fim do mandato de Bolsonaro.