A corte especial do Superior Tribunal de Justiça (STJ) tornou o governador do Acre, Gladson Cameli (PP), réu pelos supostos crimes de corrupção passiva, peculato, organização criminosa, fraude a licitação e lavagem de dinheiro.
A denúncia foi oferecida pela Procuradoria-Geral da República (PGR) e aceita por todos os ministros da Corte, porém sem afastamento de Cameli de suas funções como governador.
A relatora do caso, ministra Nancy Andrighi, informou existirem elementos de que o governador tenha participado de um esquema sofisticado de corrupção.
"Há indícios de que o governador Gladson agiu ativamente para assegurar a execução do esquema investigado. A suposta organização criminosa denunciada nesses autos adotou o método de substituição das empresas contratadas pelo Estado do Acre como fim de retroalimentar o esquema e dificultar o rastreio das verbas públicas possivelmente desviadas", explicou.
Pela denúncia da PGR, o governador é o principal beneficiário dos desvios em contratos públicos do Acre, como o da Secretaria de Desenvolvimento Urbano do Estado com a Murano Construções em maio de 2019 para a manutenção de prédios públicos.
Segundo os investigadores, um dia após a assinatura do contrato, a Murano Construções fechou uma parceria de R$ 2 milhões com a Rio Negro, empresa do irmão do governador.
Outros elementos que embasaram a investigação, segundo a PGR, foram o superfaturamento e sobrepreço do contrato estimado em R$ 11,7 milhões, além da compra de um apartamento de R$ 6 milhões em bairro nobre de São Paulo.
O governador do Acre Gladson Cameli disse em publicação do Uol que terá a oportunidade de provar sua inocência. "A justiça cumpriu o seu papel e agora terei a oportunidade de me defender e provar minha inocência e idoneidade. Essa foi a primeira vez que estou sendo oficialmente ouvido, sigo confiando na Justiça", afirmou.
Procurado, o advogado do governador Pedro Ivo Velloso Cordeiro afirmou que seu cliente sofre perseguição e que as acusações não foram provadas.