O procurador-geral da República Augusto Aras fez um desagravo a si próprio nesta quinta-feira (21) no Supremo Tribunal Federal (STF). Enquanto dezenas indígenas aguardavam a retomada do julgamento do marco temporal, ele fez o último discurso no plenário antes do fim do mandato. Aras deixa o cargo, após quatro anos, no próximo dia 26.
Acusado de alinhamento sistemático ao governo Jair Bolsonaro, o PGR disse que foi alvo de "incompreensões e falsas narrativas".
— Parte das incompreensões deve-se à equivocada expectativa de que o Ministério Público deve protagonizar ou mesmo apoiar projetos partidários. Nossa missão não é caminhar pela direita ou pela esquerda — afirmou.
Ele também pregou a separação e a independência dos poderes e o respeito ao devido processo legal.
— Instituição contramajoritárias não têm compromisso com projetos partidários — defendeu.
Afirmou ainda que não entregou "nada menos que sangue, suor e lágrimas" enquanto esteve no cargo.
Um dos marcos de sua gestão foi a extinção do modelo de forças-tarefas, enterrando a Operação Lava-Jato. Aras afirmou que o Ministério Público deve agir "sem espetáculos midiáticos".
— A ideologia política busca os espaços de poder. A ideologia constitucional busca limitar e convergir o uso do poder em prol do bem comum, protegendo o cidadão de abusos e arbitrariedades — concluiu.
Cabe ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva nomear o sucessor de Aras. Os favoritos até o momento são os subprocuradores Paulo Gustavo Gonet Branco e Antonio Carlos Bigonha.