A relatora da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) de 8 de Janeiro, Eliziane Gama (PSD-MA), pedirá quebras de sigilo do general Mauro Lourena Cid, do presidente do PL, Valdemar Costa Neto, da deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) e do ex-ministro da Defesa Paulo Sérgio Nogueira.
Eliziane se reuniu na manhã desta terça-feira (22) com integrantes do colegiado para costurar os acordos que podem viabilizar a aprovação desses requerimentos. Parte desses pedidos está amparada em depoimentos recentes prestados à CPI, como o do hacker Walter Delgatti Netto, que acusou Bolsonaro de oferecer um indulto a ele em troca de invadir o sistema das urnas eletrônicas. De acordo com a declaração de Delgatti, os participantes da trama golpista eram Carla Zambelli, Valdemar e Nogueira, além do ex-presidente.
A reunião da comissão foi adiada duas vezes nesta terça. Prevista para começar às 9h, a sessão foi adiada primeiro para as 11h e, novamente, para as 14h. Para Eliziane, a prioridade é convocar novamente o tenente-coronel do Exército Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, e quebrar os sigilos das pessoas citadas por Delgatti na última reunião da CPI.
A quebra do sigilo bancário do general Mauro Lourena Cid, que é pai do ex-ajudante de ordens da Presidência, figura numa outra frente de investigação que apura se o esquema de desvios de presentes do acervo pessoal da Presidência foi usado para financiar os atos golpistas de 8 de janeiro e a estadia de Bolsonaro nos Estados Unidos no penúltimo dia de seu mandato.
— Não é a investigação do crime em si, mas é a investigação se o dinheiro desse crime de fato foi para o 8 de janeiro — comentou Eliziane.
As quebras de sigilo são tidas como peças fundamentais para basear as próximas convocações da CPI. Os eventos recentes envolvendo Bolsonaro fizeram com que os integrantes do colegiado passassem a discutir de forma mais ativa a viabilidade de sua convocação. Para isso, no entanto, há a compreensão de que é preciso fechar o cerco contra aliados do ex-presidente e obter mais informações financeiras para confrontá-lo com dados.
Veja quais informações a relatora quer obter:
- General Mauro Lourena Cid — sigilo bancário e relatório de inteligência financeira do Coaf.
- Presidente do PL, Valdemar Costa Neto — sigilo telefônico.
- Deputada Carla Zambelli — relatório de inteligência financeira do Coaf e sigilo telefônico.
- Ex-ministro da Defesa, general Paulo Sérgio Nogueira — sigilo telefônico.
"Gabinete do ódio"
Numa outra frente mais inicial, o deputado pastor Henrique Vieira (PSOL-RJ) negocia com Eliziane a possibilidade de obter o seu apoio para quebrar os sigilos telefônico e telemático de pessoas apontadas como integrantes do chamado "gabinete do ódio" que teria operado dentro do Palácio do Planalto durante o governo Bolsonaro.
Investigações apontam que os integrantes do "gabinete do ódio" usavam a estrutura do Executivo para disseminar desinformação nas redes sociais. Vieira quer convocar três pessoas ligadas ao grupo: Mateus Matos Diniz, José Matheus Salles Gomes e Tércio Arnold Tomaz. Os três trabalharam como assessores do governo Bolsonaro.