O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), determinou a apreensão de dinheiro e bens (joias, veículos, obras de arte e outros objetos) em valores superiores a R$ 10 mil, além de passaportes, computadores, celulares e armas da deputada Carla Zambelli e de Walter Delgatti Neto, que atuou como hacker na chamada "Vaza Jato."
Walter foi preso nesta quarta-feira (2) no âmbito da Operação 3FA, que investiga a suposta invasão aos sistemas do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e inserção de documentos e alvarás de soltura falsos no Banco Nacional de Mandados de Prisão (BNMP). Os agentes cumprem mandados endereços ligados à deputada federal.
O despacho dá aval para os investigadores vasculharem inclusive "cômodos secretos" que eventualmente encontrarem. O ministro determinou ainda a quebra do sigilo bancário dos investigados.
Os investigadores cumprem cinco ordens de busca e apreensão — duas em São Paulo e três no Distrito Federal. São apurados supostos crimes de invasão de dispositivo informático e falsidade ideológica.
A Polícia Federal investiga delitos que ocorreram entre 4 e 6 de janeiro, quando teriam sido inseridos no sistema do CNJ 11 alvarás de soltura de presos por motivos diversos e um mandado de prisão falso contra o ministro Alexandre de Moraes.
Outro alvo da operação é Thiago Eliezer Martins Santos, que também foi investigado na Operação Spoofing.
A PF indica que as inserções se deram após a invasão criminosa aos sistemas do CNJ, com o uso de credenciais falsas obtidas ilicitamente. O inquérito em questão foi aberto perante a Justiça Federal para apurar a invasão ao sistema do CNJ, mas acabou remetido ao STF após "indícios de possível envolvimento de pessoa com prerrogativa de foro" — no caso, a deputada Zambelli.
O nome da Operação, 3FA, faz referência à autenticação de dois fatores, a exigência de duas formas de identificação para acessar recursos e dados.
Em depoimento, o hacker implicou Zambelli diretamente pela invasão do sistema do CNJ e inserção da ordem de prisão fraudulenta contra Moraes. Segundo a PF, Delgatti disse que recebeu pagamentos como "contraprestação para ficar à disposição da parlamentar".
Ele ainda citou o ex-presidente Jair Bolsonaro. Disse ter encontrado o ex-chefe do Executivo no Palácio do Alvorada, "tendo o mesmo lhe perguntado se o declarante, munido do código fonte, conseguiria invadir a urna eletrônica". Segundo o hacker, "isso não foi adiante, pois o acesso que foi dado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) foi apenas na sede do Tribunal".