A prisão do hacker Walter Delgatti Neto e o cumprimento de mandado de busca e apreensão contra a deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) acenderam um alerta em auxiliares do ex-presidente Jair Bolsonaro. A investigação tem como pano de fundo supostas tentativas de tumultuar as eleições de 2022 e influenciar no resultado das urnas.
O hacker preso ficou conhecido pela "Vaza-Jato", divulgação de mensagens trocadas entre autoridades da Lava-Jato. A medida contribuiu para enterrar a força-tarefa do Ministério Público Federal (MPF).
Uma das expoentes do bolsonarismo, Zambelli divide opiniões entre os aliados mais próximos do ex-presidente. Um dos motivos é o fato de ela ter sacado uma arma e ameaçado um homem com quem discutiu, em via pública, na véspera do segundo turno das eleições. O caso teria gerado desgaste a Bolsonaro, na avaliação de estrategistas da campanha.
Na operação desta quarta-feira (2), a PF apura a inserção de alvarás de soltura e mandados de prisão falsos no Banco Nacional de Monitoramento de Prisões, um deles forjando inclusive a prisão do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). O perfil "afoito" da deputada, como classificou um parlamentar do PL à coluna, é motivo de apreensão.
No entorno de Bolsonaro, há receio sobre a disposição do hacker em fazer uma delação premiada. Ele já indicou que teria sido contratado por Zambelli para tentar fraudar as urnas eletrônicas e invadir páginas pessoais do ministro Moraes. A deputada nega esta relação.
Levado pela parlamentar, Delgatti se reuniu com Bolsonaro no Palácio da Alvorada antes das eleições. Aos investigadores, ele já demonstrou disposição em revelar o conteúdo dessa conversa. À época, o ex-presidente fazia críticas constantes à segurança das urnas e acusava ministros do STF e do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) de atuarem para beneficiar Lula.