A juíza Gabriela Hardt, da 13ª Vara Federal Criminal de Curitiba, se declarou suspeita para julgar ações contra o empresário Antônio Celso Garcia, o Tony Garcia. A magistrada evocou "foro íntimo" por ter colocado, perante o Ministério Público Federal (MPF), representação contra Garcia por suposto crime contra honra.
Em despacho assinado na segunda-feira (5), Gabriela pede esclarecimentos à Corregedoria do Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4), sediado em Porto Alegre, sobre audiência marcada para a próxima sexta-feira (9), no bojo de processo contra o empresário. O questionamento se dá em razão de Gabriela atuar nos processos remanescentes da Lava-Jato em Curitiba em razão do afastamento do juiz Eduardo Appio, titular da 13ª Vara Federal. Ela é substituta na 13ª.
A magistrada quer saber se ainda conduzirá a audiência marcada para sexta ou se deverá ser designado substituto para os atos até que haja retorno do juiz titular.
Gabriela se declarou suspeita para atuar nos processos contra Garcia pouco depois de a defesa do delator e a do empresário Antonio Eduardo de Souza Albertini alegarem que a imparcialidade da magistrada estaria comprometida.
Os advogados sustentam que Gabriela teria "alterado a postura na condução dos feitos" para "retaliar" o empresário em razão de acusações do delator sobre o senador e ex-juiz Sérgio Moro, que foi titular da 13ª Vara no auge da Lava-Jato.
Os advogados de Garcia lembram que, depois de assumir os feitos da Lava-Jato, o juiz Eduardo Appio encaminhou cópias do processo do empresário ao Supremo Tribunal Federal (STF) em razão de um depoimento do delator, em março de 2021, no qual afirmou ter "trabalhado" por mais de dois anos como "colaborador infiltrado no meio político e empresarial por força de um acordo de colaboração premiada".
Appio remeteu as alegações ao STF no âmbito da petição que trata de acusações do advogado Rodrigo Tacla Duran aos artífices da Lava-Jato — Moro e o deputado cassado Deltan Dallagnol. No documento, o juiz destacou que Garcia relatou ter atuado como "infiltrado prestando contas a procuradores da República e ao então juiz Sérgio Moro".