O senador Marcos do Val é natural de Vitória, no Espírito Santo, e tem 51 anos. De acordo com seu site oficial, ele é militar e mestre em Aikido (arte marcial japonesa), especialista em resgate de reféns, abordagens táticas, combate a curta distância, planejamento operacional e fundador de uma empresa especializada no desenvolvimento de técnicas de imobilizações táticas. Ele virou assunto nacional nesta quinta-feira (2) após afirmar que sofreu pressão de Jair Bolsonaro para participar de um golpe.
Segundo o próprio site, o senador levou treinamentos a agentes da SWAT (grupo de elite), Nasa (agência espacial), FBI (polícia federal) e dos Navy Seals (Marinha), todos nos Estados Unidos (EUA).
À frente da sua empresa de treinamento policial, Do Val passou a prestar consultorias a corporações no Brasil e em outros países, como Estados Unidos, China, França, Espanha, Luxemburgo, Bélgica, Itália, Portugal, Argentina, Chile, Paraguai, Uruguai, Equador e Colômbia.
O senador treinou ainda atores e figurantes do filme Tropa de Elite, além de participar de programas de TV e ser ativo nas redes sociais. No Instagram, Do Val acumula 810 mil seguidores, no Facebook tem 3,9 milhões e no Twitter, mais de 250 mil seguidores.
Antes de ser político e se tornar senador já na primeira eleição que disputou, Do Val foi militar do Exército Brasileiro no 38º Batalhão de Infantaria
Com 863.359 votos, foi eleito para o Senado pelo PPS (atual Cidadania) em 2018, primeira eleição da qual participou, integrando a coligação do atual governador do Espírito Santo, Renato Casagrande (PSB), que na época tentava voltar ao cargo.
Do Val também se notabilizou na CPI da Covid, em 2021. O senador integrava a tropa de choque do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Durante o interrogatório do irmão do ex-deputado Luís Miranda (DEM-DF), o capixaba e ex-parlamentar discutiram e chegaram se esbarrar. Outros senadores precisaram intervir para que os dois não chegassem às vias de fato.
Denúncia
O senador Marcos do Val (Podemos-ES) afirmou na madrugada desta quinta-feira (2) que sofreu coação do ex-presidente Bolsonaro para se aliar a ele em um golpe de Estado. Do Val disse ter negado a proposta feita pelo ex-chefe do Executivo e denunciado o caso.
Horas depois da revelação, o senador comunicou que apresentaria sua renúncia no Senado, que foi negada em declaração posterior.
A revelação sobre a suposta coação foi feita durante uma transmissão nas redes sociais. Do Val não especificou quando teria ocorrido a coação nem a quem ele denunciou a tentativa de golpe.
Em depoimento na tarde desta quinta-feira, Do Val mudou a versão sobre a denúncia de que teria sido montada uma operação para barrar a posse de Luiz Inácio Lula da Silva a mando do ex-presidente Bolsonaro. Ao falar em seu gabinete, o senador agora diz que o plano, na verdade, foi do ex-deputado Daniel Silveira, que foi preso nesta quinta-feira (2) por ordem do Supremo Tribunal Federal (STF) em razão de violação de decisões judiciais.
Nas últimas semanas, o senador capixaba travava embates com o novo governo federal. Em 13 de janeiro, cinco dias após os atos golpistas que depredaram as sedes dos três poderes, em Brasília, Do Val acusou a gestão Lula de deixar "a tragédia acontecer".