O chefe do Executivo brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva conversou, na quinta-feira (26) com o presidente francês, Emmanuel Macron, por telefone. Na ligação, que durou mais de uma hora, os presidentes discutiram os ataques antidemocráticos de 8 de janeiro em Brasília, as parcerias entre Mercosul-União Europeia e as mudanças climáticas no mundo. Lula também chamou Macron para uma visita ao país.
Nota divulgada pelo governo brasileiro afirma que ambos os presidentes concordaram sobre a importância da readequação da arquitetura financeira internacional como instrumento de financiamento da transição climática e de combate à fome e à desigualdade. Lula apresentou a Macron a discussão com os países do Mercosul sobre a necessidade de concluir negociações entre um acordo do bloco com a União Europeia. Após encontro com o presidente do Uruguai, Lacalle Pou, Lula prometeu destravar o acordo comercial, chamado por ele de urgente.
No aspecto de governança global, a guerra da Ucrânia também foi assunto da conversa. "A urgência em se buscar a paz entre Rússia e Ucrânia mereceu ampla troca de opiniões entre os dois mandatários. O presidente Lula ressaltou a necessidade de maior engajamento dos líderes globais com esse objetivo, no âmbito da ONU e de um G20 político", declara a nota.
Ambos os chefes de Estado concordaram sobre os riscos que pairam sobre a democracia mundial em virtude das ações violentas de grupos de extrema direita, em especial após os ataques antidemocráticos que ocorreram em Brasília em 8 de janeiro. Nesse contexto, discutiram a importância do combate à desinformação.
Sobre a questão climática, tema de convergência entre os dois, Lula expôs ao presidente francês os objetivos da Cúpula dos Países Amazônicos que organizará nos próximos meses. "Comentou, a propósito, a importância de contar com a presença da França, único país europeu a compartilhar desse bioma, por meio da Guiana Francesa", discorre a nota.
Segundo a publicação, Macron reiterou o convite para o Brasil participar do One Forest Summit, cúpula pela preservação e manejo sustentável das florestas tropicais, que França e Gabão sediarão em Libreville no início de março.
A conversa também foi comentada pelos dois chefes de Estado. No Twitter, Lula disse que teve uma "excelente conversa" com o "amigo" Macron. "Fiz um convite para vir ao Brasil, para aprofundarmos nosso trabalho conjunto contra as mudanças climáticas, no combate à fome e pela defesa do meio ambiente", escreveu o brasileiro na rede social.
De acordo com a nota, Lula convidou Macron para visitar o estaleiro em Itaguaí, no Rio de Janeiro, em que são construídos os submarinos convencionais e o submarino a propulsão nuclear fruto da cooperação bilateral.
Já Macron escreveu que reafirmou a determinação de agir em prol do meio ambiente e contra a fome. "Nós reafirmamos nossa determinação de agir pelo clima, pela biodiversidade, por nossas florestas e contra a fome. Vamos superar estes desafios", disse.
Apoio reiterado
Ainda durante a conversa, Emmanuel Macron reiterou "o apoio da França" ao Brasil, após o ataque às sedes dos três poderes, em Brasília, por apoiadores radicais do ex-presidente Jair Bolsonaro. "Durante nossa conversa, reiterei ao presidente Lula o apoio da França após os ataques contra a democracia brasileira", escreveu Macron no Twitter.
Em 8 de janeiro, uma semana após a posse de Lula, milhares de apoiadores de Bolsonaro, contrariados com a sua derrota, invadiram e depredaram o Congresso Nacional, o Palácio do Planalto e o Supremo Tribunal Federal, em Brasília.
Por causa da Guiana Francesa, Brasil e França compartilham uma fronteira comum de mais de 700 quilômetros.