O presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), disse nesta sexta-feira (2) que apenas depois que for diplomado é que anunciará seu ministério. A cerimônia está marcada para o próximo dia 12.
— Depois que eu for diplomado e presidente reconhecido é que vou escolher meu Ministério. Não adianta ficar nervoso, criar expectativa. Tenho 80% do ministério na cabeça, mas não é para mim, é para a força política que esteve comigo nas eleições — declarou ao chegar no Centro Cultural do Banco do Brasil (CCBB), em Brasília, onde funciona o gabinete de transição.
Lula disse que não escolheu todos os ministros ainda e que está conversando com todas as forças políticas, inclusive as que não o apoiaram na campanha, mas que têm importância no Congresso Nacional.
— Quando ganhamos as eleições, conversamos com deputados e senadores eleitos. Vamos conversar com partidos menores que estiveram conosco. Queremos conversar com setores da sociedade — afirmou.
O presidente eleito voltou a criticar o uso da máquina pública por Jair Bolsonaro (PL) durante a campanha eleitoral.
— Nunca vi alguém utilizar tanto o aparelho de Estado para ganhar uma eleição. Enfrentei não apenas um candidato opositor, mas todo um Estado e suas instituições. Depois que montarmos o ministério, vamos governar para 215 milhões e não apenas para quem votou em mim — ressaltou.
Haddad
Lula evitou responder sobre o futuro do ex-ministro Fernando Haddad (PT) em seu governo. Haddad é um dos principais cotados para assumir o Ministério da Fazenda.
— Se eu responder o que você quer, você já vai saber o que eu penso, então eu não vou responder — explicou durante entrevista a jornalistas em Brasília.
Questionado sobre os ministérios do próximo governo, o presidente eleito respondeu que a base da Esplanada dos Ministérios irá refletir o desenho do seu segundo mandato à frente do Palácio do Planalto. Portanto, Lula voltou a falar que irá recriar o Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços, do Desenvolvimento, e da Pesca, por exemplo.
— Tudo o que a gente tinha e mais o Ministério dos Povos Originários — pontuou.
Ele ponderou, no entanto, que a estrutura voltada para os Povos Originários pode começar não como um ministério, mas como uma secretaria especial ligada à presidência da República.
"A cara do sucesso"
O presidente eleito assegurou que escolherá um ministro da Economia - ou Fazenda - que será "a cara do sucesso" do seu primeiro mandato, iniciado há 20 anos.
— O Ministério tem autonomia, mas quem ganhou as eleições fui eu e, obviamente, quero ter inserção nas decisões econômicas — emendou.
Lula declarou que sabe não apenas o que é bom para o povo como também para o mercado financeiro, apesar de não entender tanto de economia.
— Eu já governei o país duas vezes, e foi exatamente no meu mandato que o Brasil teve o maior crescimento que já teve em 30 anos. As pessoas se esquecem que eu sei o que é bom para o povo, para o mercado. As pessoas precisam saber que ganhei a eleição para governar para o povo mais pobre do país— completou.
Biden
O presidente eleito também disse que apenas se encontrará com o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, depois do dia 12, quando será diplomado. Segundo ele, na segunda-feira (5) um representante do governo norte-americano virá ao Brasil para que uma data seja escolhida.
— Eu não posso viajar antes da diplomação. Se eu viajar, será após dia 12 — expôs.
Lula afirmou que os dois terão muitos assuntos a conversar e comparou a trajetória recente dos dois países, afirmando que os Estados Unidos padecem de necessidade democrática, assim como o Brasil.
— O ex-presidente Donald Trump fez estrago na democracia norte-americana, como o presidente brasileiro Jair Bolsonaro fez no Brasil — alegou.
Entre os assuntos que o brasileiro levará a Biden, está o papel do Brasil na nova geopolítica mundial. Ele citou a guerra na Ucrânia e defendeu que não há necessidade de continuar a haver uma guerra. Lula disse que também gostará de saber os temas que serão propostos pelo presidente dos EUA.