O ex-prefeito de São Paulo, Fernando Haddad (PT), favorito para assumir o Ministério da Fazenda, afirmou na noite de segunda-feira (28) que não participou da redação do texto da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) da transição.
— Não posso comentar o texto da PEC porque sequer o conheço. Não participei da elaboração do texto, o que conheço é o que vocês publicaram nos jornais. Não vou emitir opinião porque vou me reunir a partir de amanhã (terça) com integrantes do grupo da economia — afirmou o ex-ministro.
— É uma decisão que cabe ao governo, estou aqui na condição de colaborador, para dar opiniões sobre como eu acho que deve caminhar esse assunto — acrescentou.
A PEC foi protocolada pelo senador Marcelo Castro (MDB-PI) e visa abrir espaço fiscal no orçamento do ano que vem ao excepcionalizar o Bolsa Família do teto de gastos por quatro anos.
A pedido do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva, Haddad vai integrar o grupo de economistas do governo de transição e reforça que não recebeu qualquer outro convite.
— Eu fui convidado exclusivamente para interagir com o grupo de economia que fez a transição até aqui, não recebi nenhum outro convite — declarou Haddad ao deixar o Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB), onde estava reunido com a cúpula petista.
— O presidente me pediu para acompanhar tanto quanto fosse possível as reuniões do grupo da economia — acrescentou.
O grupo de economia da transição é composto pelos economistas Nelson Barbosa, Guilherme Mello, André Lara Resende e Persio Arida, com quem Haddad já sinalizou nos bastidores a intenção de trabalhar em dobradinha.
Haddad afirmou que vai se reunir pela nesta terça-feira (29) com o economista Gabriel Galípolo, integrante do governo de transição e cotado para o BNDES, e com Mello. Lula deixou o CCBB pouco antes de Haddad, mas não falou com a imprensa.
"Entendo ansiedade do mercado"
Haddad afirmou, também ao sair do CCBB na segunda-feira, que "entende" a reação negativa do mercado financeiro à sua participação em evento da Febraban na última sexta-feira devido à falta de detalhamento na área fiscal. Ele explicou, contudo, que foi na condição de representante do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva, e não como integrante do governo de transição:
— Entendo da parte dos operadores de mercado a ansiedade de saber como essas negociações vão ocorrer, mas eu não era a pessoa indicada para esse papel.
— Se estivesse na mesa de operação, também queria ter essa informação, mas não era eu a pessoa indicada para dar essa informação — acrescentou.
De acordo com Haddad, no entanto, o próximo ministro da Fazenda terá de se debruçar sobre a questão fiscal.
— Quem vai pilotar o ministério, que vai ser convidado pelo presidente Lula é que vai ter que se apropriar dessa questão, que é uma questão transitória, muitas outras a área econômica vai ter que se debruçar — disse o ex-MEC.
Haddad reforçou que é prerrogativa de Lula anunciar sua equipe ministerial quando achar que é o momento.
— A melhor coisa que podemos fazer é colaborar. Estou à disposição do governo de transição para ajudar, na área da educação, na área da economia — declarou Haddad.