No teatro do Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB), onde funcionou a sede do gabinete de transição de governo, em Brasília, foi realizado durante a tarde desta terça-feira (13) o encerramento dos trabalhos dos 32 grupos de transição nomeados pelo presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que confirmou a nomeação do futuro presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento (BNDES).
— Não serão mais boatos, agora é confirmado que o Aloizio Mercadante será presidente do BNDES — disse Lula, que completou: — Vou acabar com as privatizações nesse país, no meu governo, as empresas públicas vão poder mostrar a sua rentabilidade.
Em sua fala, Lula não poupou críticas ao atual governo, do presidente Jair Bolsonaro (PL).
— Nunca fez uma reunião com movimentos sindicalistas, sociais, de mulheres e dos negros, ou seja, é um governo que se trancou dentro de uma redoma. Governou sem o Congresso, sem a sociedade organizada — disse o agora presidente diplomado, fazendo menção, ainda, à reação de Bolsonaro diante da derrota nas eleições presidenciais:
— Ele está mostrando o que ele é, agora. Eu perdi três eleições, e nas três que perdi eu fui para casa e lamentei, voltei a me preparar, até que um dia ganhei. E todas as vezes fui respeitoso. Ele até hoje não aceitou a derrota e continua incentivando atos antidemocráticos praticados pelos seus seguidores.
"Só de revogaço, tem 23 páginas"
Coordenador dos grupos técnicos da transição de governo, o ex-ministro Mercadante ressaltou, na abertura do evento, antes da fala de Lula, que os diagnósticos realizados pela equipe foram muito precisos, e que foi esse trabalho que organizou a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 32/2022, a PEC da Transição. E fez duras críticas em relação à situação do governo atual:
— Só de revogaço, tem 23 páginas, passando por uma peneira bem fina para avaliar cada medida e suas implicações e avaliar junto com o presidente o que será revogado", disse em relação aos 32 relatórios que foram produzidos pelos grupos de trabalho.
Mercadante afirmou que os documentos apresentam um diagnóstico muito preciso sobre suas diferentes áreas.
— O governo disse que a situação fiscal está muito boa. Tá muito boa para quem? Educação não tem livro didático, reajuste de merenda, bolsa de estudos da Capes. Na Saúde, não tem recursos para a Farmácia Popular, tratamento de câncer, em cada uma das áreas — citou. —Para qualquer área que a gente tem olhado não tem dinheiro: para a Defesa Civil, desastres naturais, não tem investimento em obras hídricas estruturantes e nem prevenção contra desastres naturais — continuou.
Na lista, o coordenador completou dizendo que não há precisão para o Bolsa Família, para o salário mínimo, que o DNIT recebeu o menor valor desde que foi criado, em 20 anos de história, não tem recurso para manutenção das estradas. Por isso, de acordo com ele, a PEC da Transição é indispensável ao país:
— Temos que pagar R$ 600 em janeiro e espero que os deputados votem o mais rápido possível.
Também na abertura do evento, o vice-presidente eleito e coordenador da transição, Geraldo Alckmin (PSB), afirmou que está sendo encerrada uma fase importante no processo de início de uma nova gestão, além de criticar o atual presidente pela forma como realizou a campanha eleitoral.
— Não se faz uma campanha de um governo democrático em cima de motocicleta, fazendo motociatas. Fazemos um governo democrático ouvindo ao povo — pontuou.
Alckmin declarou ainda que "essa foi a transição mais participativa de todos os governos", e ressaltou que mais de 5 mil pessoas no Brasil deram contribuições voluntárias para que fosse feita a entrega do relatório ao presidente eleito. E acrescentou que os relatórios de cada um dos 32 grupos serão uma ferramenta para o presidente Lula e seus ministros fazerem um "grande governo".
— A partir do dia 1º de janeiro, faremos um grande governo. Gostaria de dizer ao presidente Lula: nunca Brasília esteve tão perto do povo brasileiro como nessa fase do seu governo — completou.