O governador reeleito Eduardo Leite (PSDB), o vice Gabriel Souza (MDB), o senador eleito Hamilton Mourão (Republicanos) e os deputados federais e estaduais eleitos pelo Estado foram diplomados na noite desta segunda-feira (19) pelo Tribunal Regional Eleitoral do Rio Grande do Sul (TRE-RS). A cerimônia realizada no auditório do Ministério Público Estadual, em Porto Alegre, encerra de forma oficial o período eleitoral em 2022.
Antes de os candidatos eleitos subirem ao palco para receber o diploma, o presidente do TRE-RS, Francisco José Moesch, fez uma defesa enfática da atuação da Justiça Eleitoral durante o pleito e do próprio sistema eleitoral.
Em discurso de quase 40 minutos, o magistrado avaliou que “a estabilidade democrática deu mostras inequívocas de sua força” no Brasil e, ao ressaltar a lisura da votação por meio das urnas eletrônicas, foi aplaudido pela maioria dos candidatos eleitos e convidados, à exceção de deputados aliados ao presidente Jair Bolsonaro (PL), como Maurício Marcon (Podemos) e Marcel van Hattem (Novo).
— Mais uma vez, como era de se esperar, ficou constatada a ausência de qualquer fraude, desvio ou grave problema relativamente ao funcionamento desse sistema, conforme verificação de técnicos do Tribunal de Contas da União, da Ordem dos Advogados do Brasil, da Polícia Federal e de outros órgãos de fiscalização. Jamais houve fraude constatada nas eleições realizadas por meio das urnas eletrônicas, verdadeiro motivo de orgulho e patrimônio nacional — declarou Moesch.
Em clima de confraternização e cordialidade até mesmo entre adversários políticos, lado a lado na plateia, deputados estaduais eleitos foram os primeiros a receber o diploma das mãos das autoridades. Um dos poucos momentos de animosidade aconteceu quando a deputada Luciana Genro (PSOL) recebeu o diploma e virou-se para o público segurando um cartaz com a frase “Golpistas não passarão”. A reação foi um misto de gritos de apoio e vaias.
Em seguida, receberam os diplomas os deputados federais, os suplentes de senador, Coronel Andreuzza (Republicanos) e Liziane Bayer (Republicanos), e o senador eleito Hamilton Mourão. Por último, o vice eleito Gabriel Souza, e o governador reeleito Eduardo Leite.
Leite começou seu discurso lembrando que é o primeiro governador reeleito do Rio Grande do Sul no período pós-redemocratização. Em tom conciliador, o tucano lembrou da polarização que marcou a disputa nacional entre Bolsonaro e o presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), e disse que a sociedade gaúcha escolheu uma alternativa que se posicionou “ao centro da batalha política travada no Brasil”.
Destacou que a sua eleição representa uma vitória coletiva e a continuidade da gestão anterior. Leite observou ainda que a democracia “tem sofrido duros ataques”, não apenas no Brasil, e pregou a aceitação do resultado das urnas.
— Desde o resultado final da eleição para presidente, infelizmente, a gente vê no Brasil uma série de protestos e de mobilizações contra o resultado das urnas, com alegações já refutadas e argumentos incompatíveis com o estágio da democracia do nosso país. Os custos impostos ao país com a discussão do resultado da eleição são muito maiores do que os eventuais custos que o governo eleito possa trazer, por mais que discordemos dele ideologicamente ou programaticamente. Chegou a hora de acatar todos os diplomas — discursou, sob aplausos entusiasmados da plateia.
Ao final da solenidade, durante a execução do hino riograndense, os deputados da bancada negra eleita para a Assembleia Legislativa permaneceram sentados em protesto à letra da composição, que consideram racista.
Apenas os deputados federais Osmar Terra (MDB) e Paulo Pimenta (PT) não compareceram à diplomação.
Quatro anos
Ao chegar para a cerimônia de diplomação, Leite conversou brevemente com os jornalistas. O tucano reafirmou que a prioridade número 1 de seu segundo mandato será a educação. Questionado pelo repórter Eduardo Matos, da Rádio Gaúcha, a respeito da permanência no cargo de governador, Leite disse que se apresentou candidato para cumprir os quatro anos.
— Sim, me apresentei candidato a governador para cumprir o mandato de quatro anos e (estou) muito animado, entusiasmado com o que vem pela frente. Vamos trabalhar ao máximo para que o governo do Estado seja capaz de atender às expectativas da nossa população gaúcha.
O governador reeleito também foi perguntado sobre a eventual permanência da secretária estadual da Saúde, Arita Bergmann, no futuro governo. Conforme revelou o Grupo de Investigação da RBS (GDI), Arita está entre os investigados pela Polícia Federal em uma operação que apura supostas irregularidades em licitações que teriam ocorrido quando a secretária ocupava cargo na prefeitura de São Lourenço do Sul.
Leite disse que ainda não conversou com a secretária e tomará uma decisão nos próximos dias.
— Essa é uma análise que vai ser feita nos próximos dias, estamos tomando conhecimento desses fatos que a envolvem, vamos buscar os esclarecimentos para que ela tenha a oportunidade de apresentar com clareza o que de fato existe. Não há uma denúncia, não há a apresentação de um caso de corrupção, mas há uma busca e apreensão que enseja a observação do que de fato tenha acontecido para que a gente possa ter clareza sobre o que se passou — ponderou Leite.