O presidente Jair Bolsonaro (PL) designou o diretor-geral da Polícia Federal (PF), Márcio Nunes de Oliveira, para o cargo de adido da corporação na Embaixada do Brasil em Madri, na Espanha, por três anos. Quinto delegado a assumir a PF durante o atual governo, Márcio Nunes vai substituir Delano Cerqueira Bunn.
A portaria foi publicada no Diário Oficial da União (DOU) nesta terça-feira (20), a 11 dias do fim do governo Bolsonaro, e também é assinada pelo ministro da Justiça, Anderson Torres, e o chefe do Itamaraty, Carlos Alberto França.
A mudança não é a única no bojo do Ministério da Justiça e Segurança Pública a ser anunciada na manhã desta terça. No mesmo dia, Silvinei Vasques foi dispensado de sua função como diretor-geral da Polícia Rodoviária Federal (PRF). Aliado de Bolsonaro, ele é acusado de improbidade administrativa e uso indevido do cargo para beneficiar a candidatura do chefe do Executivo na eleição de outubro.
Pouco antes da votação em segundo turno, o ex-chefe da PRF usou rede social para defender a reeleição do presidente. “Vote 22, Bolsonaro presidente”, dizia uma publicação nos stories do seu Instagram com uma foto da bandeira do Brasil. Posteriormente, a postagem foi apagada. No fim de novembro, o juiz José Arthur Diniz Borges, da 8ª Vara Federal do Rio de Janeiro, aceitou ação movida pelo Ministério Público Federal (MPF) contra Vasques, tornando o então chefe da PRF como réu por improbidade administrativa.
No último dia 6, Silvinei já havia sido escolhido para uma cadeira na Comissão de Coordenação da Proteção ao Programa Nuclear Brasileiro. Portaria assinada por Augusto Heleno, chefe do gabinete de segurança institucional da Presidência da República, também colocou Márcio Nunes no grupo.
Também foi publicada nesta terça-feira a exoneração de Alfredo de Souza Lima Coelho Carrijo do cargo de Secretário de Operações Integradas do Ministério da Justiça e Segurança Pública (Seopi). Ele estava no cargo desde maio de 2021.
As cúpulas da PF e da PRF foram criticadas e colocadas sob suspeita durante o governo Bolsonaro. No caso da Polícia Federal, foi instaurado um inquérito para apurar suposta tentativa de interferência por parte do presidente, em acusação levantada pelo então ministro da Justiça do próprio governo Bolsonaro, Sergio Moro.
Na PRF, Silvinei é investigado não só por improbidade, mas também por suposta prevaricação, violência política e omissão.
O chefe da Polícia Federal, a partir de 2023, será o delegado Andrei Rodrigues, segundo anunciou o futuro ministro da Justiça, Flávio Dino. Ele foi coordenador da segurança do presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), na campanha, faz parte da equipe de transição e também atuou na segurança da ex-presidente Dilma Rousseff.