O ministro Luís Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal (STF), criticou nesta sexta-feira (25) os protestos antidemocráticos organizados próximo a instalações das Forças Armadas por apoiadores do presidente Jair Bolsonaro (PL) inconformados com a vitória de Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
— Não adianta apelar para os quartéis, apelar para extraterrestres — ironizou o ministro ao pregar o respeito ao resultado das eleições.
Barroso também disse que "humanamente perdeu a paciência" com o bolsonarista que o seguiu em Nova York e fez questionamentos sobre a segurança das urnas eletrônicas.
A resposta "Perdeu, mané. Não amola" viralizou nas redes sociais. O ministro afirmou que a reação veio após uma série de abordagens agressivas durante a viagem. Ele chamou os manifestantes de uma "horda de selvagens". O ministro contou que, naquele dia, o celular da filha foi invadido e ela sofreu ameaças.
— Sim, eu falei "Perdeu, mané. Não amola". Gostaria de dizer que só perdi a paciência depois de três dias em que uma horda de selvagens andava atrás de mim, me xingando de todos os nomes que alguém possa imaginar, e exatamente no dia em que os mesmos selvagens tinham invadido o telefone celular da minha filha com ameaças e grosserias que essa gente considera normal. Portanto eu humanamente perdi a paciência — explicou em evento no Tribunal Regional Eleitoral da Bahia.
Outro vídeo que circula nas redes sociais mostra o ministro sendo seguido por uma brasileira na Times Square.
— Nós vamos ganhar esta luta. Cuidado! Você não vai ganhar o nosso país. Foge! — grita a mulher enquanto filma Barroso, que retruca:
— Minha senhora, não seja grosseira. Passe bem.
Barroso disse que "respeita" os eleitores de Bolsonaro, mas que "os humanos têm o direito de perderem a paciência em alguns momentos da vida".
— Eu, como todas as pessoas, tenho o maior respeito e consideração pelos 58 milhões de pessoas que votaram em um candidato. Porque, como eu disse antes, a democracia não é um modelo de alguns, é o governo de todos e, portanto, todos merecem respeito e consideração—afirmou.
Barroso também disse que a liberdade de expressão não pode servir de proteção para discursos de ódio e fake news.
— A mentira não é uma forma legítima de defender qualquer posição. Tudo o que é bom, justo e legítimo pode ser defendido com educação, com respeito ao outro, aceitando a divergência — concluiu.