Nesta quarta-feira (10), o presidente Jair Bolsonaro (PL) discursou para mais de 3,5 mil agricultores na abertura do Encontro Nacional do Agro, promovido pela Confederação de Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), em Brasília. Durante o discurso, Bolsonaro citou decretos editados durante seu governo que facilitaram a compra de armas e repetiu bordões a favor da pauta armamentista.
— Povo armado jamais será escravizado. Por isso, comprem suas armas. Nossa liberdade é sagrada e não tem limites — disse.
O chefe do Executivo também declarou que as Forças Armadas são o "último obstáculo para o socialismo" e criticou gestões anteriores do Ministério da Defesa.
— Por isso, o ataque e a criação da Defesa em 1989, não por necessidade militar, mas por necessidade política de tirarem os militares da negociação. Para nossas Forças Armadas, escolhemos generais de quatro estrelas. Até pouco tempo tinha gente que não entendia de nada lá. Quem nunca pegou numa pistola foi ser ministro da Defesa — afirmou.
Ainda no encontro, Bolsonaro declarou novamente que agricultores sem terra eram "escravizados" pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST).
— Geraldo Melo, do Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária), fez um trabalho fantástico na titulação de terras, com 370 mil títulos distribuídos. Trouxemos para nosso lado pessoal que era escravizado pelo MST. Eles passaram a ser cidadãos e a ter dignidade e se transformaram em agricultores familiares — ressaltou.
O presidente ainda alegou que, durante o governo de Fernando Henrique Cardoso (PSDB), houve uma invasão de terra por dia, enquanto que na sua gestão passou para quatro por ano.
— Eles sabem que aquilo (terra) será deles. Sabem que quando passar um ônibus na frente da sua posse não terão que entrar naquele ônibus para invadir uma fazenda. E fazemos isso sem usar força, com titulação. Fizemos com pessoas escolhidas por critérios técnicos — enfatizou.
Marco temporal
Ainda sobre o MST, o parlamentar voltou a dizer que o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Edson Fachin foi "advogado do movimento por muito tempo" enquanto falava sobre o novo marco temporal.
— Estava tudo na Constituição de 1988 até o Fachin, que foi advogado do MST por muito tempo, dizer que o marco temporal é inválido e que precisa ser refeito. Isso quer dizer que se o índio chegar na fazenda de vocês, vocês perdem a fazenda. O ministro Kássio (Nunes Marques) empatou o jogo e está em vistas com o ministro Alexandre de Moraes — afirmou.
Para finalizar, Bolsonaro disse que, em caso de aprovação do marco, a demarcação de área indígena no país será dobrada.
— Se isso for dobrado, acabou o agronegócio. Pela localização geográfica dessas rotas, se tira do agro uma área do tamanho do Estado de São Paulo. É um crime de lesa-pátria. Fiquem tranquilos que eu sei o que tem de ser feito — finalizou, mencionando que está trabalhando para que o marco temporal não seja aprovado.
No evento, o presidente estava acompanhado dos ministros da Agricultura, Marcos Montes; do secretário especial de Assuntos Estratégicos da Presidência, Almirante Rocha; do ministro do Meio Ambiente, Joaquim Leite; do ministro da Justiça, Anderson Torres; do ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), Augusto Heleno; do ex-ministro e candidato a vice-presidente na chapa de Bolsonaro, Walter Braga Netto (PL); e do presidente da Petrobras, Caio Paes de Andrade.