O guarda municipal Marcelo de Arruda foi morto a tiros na festa em que comemorava seus 50 anos, em Foz do Iguaçu, no oeste do Paraná, na noite de sábado (9). A festa tinha como tema o Partido dos Trabalhadores (PT) e o ex-presidente Lula. O atirador, que não era convidado do evento, invadiu o local teria feito xingamentos por causa da ideologia do aniversariante. Minutos depois, retornou ao salão com uma arma e atirou. Segundo relatos, o atirador seria José da Rocha Guaranho, um agente penitenciário federal e apoiador do presidente Jair Bolsonaro. A polícia havia informado inicialmente que Guaranho tinha morrido; mais tarde, retificando a informação, a delegada responsável pelo caso afirmou que o agente está vivo.
Filiado ao PT, em 2020, Arruda concorreu a vice-prefeito pela sigla. O guarda municipal fazia parte da corporação há 28 anos e era diretor do Sindicato dos Servidores Municipais de Foz do Iguaçu (Sismufi). Ele chegou a ser socorrido, mas não resistiu. Arruda era casado e tinha quatro filhos. Depois de baleado, ele ainda conseguiu revidar, atingindo o agressor.
Em nota oficial, o PT afirma que Arruda foi assassinado pelo homem identificado com o bolsonarismo, que, momentos antes do crime, havia interrompido a festa e ameaçado os presentes com uma arma na mão, na sede da Associação Esportiva Saúde Física Itaipu. Conforme a nota, Marcelo Arruda foi abordado no estacionamento e tentou se defender com sua arma funcional e houve troca de tiros. O partido afirma que Guaranho também morreu.
Em fala publicada pelo G1, o secretário de Segurança Pública de Foz do Iguaçu, Marcos Antonio Jahnke, lamentou a morte, afirmou que a Polícia Civil investigará as motivações do crime e disse:
— Pelo que a gente percebeu foi uma intolerância política.
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) também se pronunciou em suas redes sociais. "Uma pessoa, por intolerância, ameaçou e depois atirou nele, que se defendeu e evitou uma tragédia maior. Duas famílias perderam seus pais. Filhos ficaram órfãos, inclusive os do agressor. Meus sentimentos e solidariedade aos familiares, amigos e companheiros de Marcelo Arruda."
Segundo imagens que circulam nas redes, a decoração da festa incluía uma bandeira com a foto de Lula com a faixa presidencial e os dizeres: "Pro Brasil voltar a sorrir", além de um bolo decorado com a estrela do partido e outros adereços alusivos ao petismo. Arruda estava vestindo uma camisa com o rosto de Lula.
Em sua publicação, Lula também pediu "compreensão e solidariedade com os familiares" de José da Rocha Guaranho e sugeriu que ele foi influenciado pelo "discurso de ódio" do presidente Jair Bolsonaro.
"Também peço compreensão e solidariedade com os familiares de José da Rocha Guaranho, que perderam um pai e um marido para um discurso de ódio estimulado por um presidente irresponsável. Pelos relatos que tenho, Guaranho não ouviu os apelos de sua família para que seguisse com a sua vida. Precisamos de democracia, diálogo, tolerância e paz", escreveu o ex-presidente no Twitter.
Já a presidente nacional do PT, a deputada federal Gleisi Hoffman (PR), destacou que é uma tragédia "fruto da intolerância dessa turma" bolsonarista. "Nosso companheiro e amigo Marcelo Arruda, guarda municipal em Foz do Iguaçu, foi assassinado ontem em sua festa de 50 anos. Um policial penal, bolsonarista, tentou invadir a festa com arma. Trocaram tiros. Ambos morreram. Uma tragédia fruto da intolerância dessa turma."