Maior partido do Brasil desde o nascimento, homologado na terça-feira (8) pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), o União Brasil tenta manter o status atraindo políticos de outras legendas diante da debandada iminente de parlamentares identificados com o bolsonarismo.
No Rio Grande do Sul, da atual bancada de quatro deputados federais e seis estaduais, devem permanecer na legenda apenas três parlamentares. Para compensar as perdas, o presidente do diretório gaúcho, Luiz Carlos Busato, trabalha para filiar ex-companheiros do PTB.
No cenário nacional, o União Brasil ainda não tem candidato à Presidência da República. Depois de acenar com os nomes do ex-ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta (DEM-GO) e do apresentador de TV José Luiz Datena (PSL-SP), ambos praticamente sem citação em pesquisas eleitorais, o partido flertou com o governador gaúcho Eduardo Leite (PSDB).
O convite foi feito em janeiro, durante telefonema do secretário-geral da legenda, ACM Neto. Leite agradeceu a lembrança e não disse nem sim nem não, mantendo as portas abertas. Em outra ofensiva, o União Brasil também tenta atrair Sergio Moro (Podemos).
Resultado da fusão entre DEM e PSL, a nova sigla tem hoje 81 deputados federais. Todavia, cerca de 30 parlamentares devem sair, na carona da filiação do presidente Jair Bolsonaro ao PL.
Nesse contingente estão o ministro do Trabalho, Onyx Lorenzoni, principal líder do DEM no Estado, e o suplente dele na Câmara, Marcelo Brum. Do PSL, ex-partido de Bolsonaro, estão de saída os deputados Bibo Nunes e Sanderson.
Na Assembleia Legislativa, a diáspora será ainda maior, abrigando dois dos quatro parlamentares do PSL, Vilmar Lourenço e Tenente-Coronel Zucco, e os dois do DEM, Eric Lins e Thiago Duarte. Ficam no União Brasil somente o deputado federal Nereu Crispim e os estaduais Ruy Irigaray e Capitão Macedo.
Apesar de significativas, as defecções não ameaçam o maior ativo político do União Brasil: quatro minutos de propaganda eleitoral e R$ 1,1 bilhão em recursos públicos para disputar as eleições em 2022. Como a repartição do tempo de TV e dos fundos eleitoral e partidário leva em conta as bancadas eleitas no último pleito, a nova legenda mantém a herança do resultado obtido por DEM e PSL em 2018.
É com esses predicados que Busato pretende remontar o partido no Rio Grande do Sul. Ele já atraiu, por exemplo, o ex-prefeito de Porto Alegre José Fortunati. Pré-candidato à Câmara dos Deputados, Fortunati admitiu que a oferta de recursos para a campanha foi fundamental na adesão ao União Brasil.
Busato agora reforça o assédio a ex-colegas de PTB, como os secretários estaduais Ronaldo Santi (Turismo) e Regina Becker (Direitos Humanos e Assistência), e os deputados estaduais Aloísio Classmann, Dirceu Franciscon e Luís Augusto Lara.
— Já recebi garantia de que teremos dinheiro para a campanha. Em 2020, o PSL aqui do Estado recebeu R$ 7,8 milhões. Eu fiquei sete anos na presidência do PTB, enfrentei três eleições nesse período, e toda a verba somada que recebi da direção nacional não chegou a R$ 5 milhões — diz Busato.
No comando do União Brasil, a prioridade de Busato é eleger ao menos três deputados federais e seis estaduais. Para tanto, ele já montou uma nominata com 24 candidatos à Câmara e 42 à Assembleia, preenchendo 75% do limite permitido por lei. Ele pretende dedicar-se a essa composição até março, para só depois pensar nas eleições ao governo do Estado ou ao Senado. Como atual secretário de Desenvolvimento Urbano, a inclinação é apoiar uma candidatura de situação ao Piratini.
Outra missão de Busato é pacificar o União Brasil. Tão logo recebeu a presidência da nova direção nacional do partido, teve o nome contestado por Rodrigo Lorenzoni (DEM) e Nereu Crispim (PSL). Aos poucos, foi apaziguando as correntes internas, sobretudo no sempre tumultuado grupo do PSL. A saída dos políticos mais identificados facilitou o trabalho.
Para evitar novas confusões, ele não pretende se envolver tão cedo com os diretórios municipais. As composições locais só serão alvo de discussão depois de abril, quando estiverem resolvidas todas as pendências relativas às candidaturas.
— Isso é um vespeiro. Numa cidade o presidente é do DEM, em outra do PSL. Vamos analisar com calma mais tarde. No momento em que assumi eu disse que não iria discutir questões internas pela imprensa. Com diálogo se resolve tudo — conclui.
O União Brasil hoje no RS
Na Câmara dos Deputados
- Marcelo Brum (DEM)
- Bibo Nunes (PSL)
- Nereu Crispim (PSL)
- Sanderson (PSL)
Na Assembleia Legislativa
- Eric Lins (DEM)
- Thiago Duarte (DEM)
- Capitão Macedo (PSL)
- Vilmar Lourenço (PSL)
- Tenente-coronel Zucco (PSL)
- Ruy Irigaray (PSL)
Quem deve sair
Na Câmara
- Marcelo Brum (DEM)
- Bibo Nunes (PSL)
- Sanderson (PSL)
Na Assembleia
- Eric Lins (DEM)
- Thiago Duarte (DEM)
- Vilmar Lourenço (PSL)
- Tenente-coronel Zucco (PSL)
Quem deve ficar
Na Câmara dos Deputados
- Nereu Crispim (PSL)
Na Assembleia Legislativa
- Capitão Macedo (PSL)
- Ruy Irigaray (PSL)
Quem deve entrar
- Aloísio Classmann (PTB)
- Dirceu Franciscon (PTB)
- Luís Augusto Lara (PTB)
- Ronaldo Santini (PTB)
- Regina Becker (PTB)
- José Fortunati (Pros)