O ex-juiz e pré-candidato à Presidência Sergio Moro (Podemos) afirmou nesta quarta-feira (19) que a legenda tem conversado com outros partidos para compor uma aliança na corrida eleitoral. Segundo ele, a ideia é promover a "construção conjunta" de um projeto para o país para as eleições de 2022. Moro citou União Brasil, Cidadania e Novo.
— Se um partido puder vir (para formar uma aliança), ótimo. Caso contrário, se tivermos apoio de outros partidos (em um eventual governo), como tem acontecido com (integrantes do) Novo, Cidadania e União Brasil, teremos condições de construir um projeto em conjunto — disse Moro, em entrevista à rádio Jovem Pan Maringá.
Segundo ele, a ideia é que esses acordos ajudem a compor a base governista caso seja eleito.
— Acho que isso, conversas com outros partidos, é fundamental. Precisamos pensar também adiante em um país que precisa ter alianças dentro do Congresso, alianças baseadas em projetos, princípios e valores que temos que realizar — afirmou.
Ao contrário do União Brasil, Novo e Cidadania já têm pré-candidatos lançados à disputa presidencial, respectivamente Felipe d'Ávila e o senador Alessandro Vieira (Cidadania-SE).
Numa iniciativa em defesa do ex-juiz, aliás, foi protocolada representação contra o ministro Bruno Dantas, do Tribunal de Contas da União (TCU), e o subprocurador-geral junto à Corte, Lucas Furtado, por suposto abuso de autoridade contra Moro. O tribunal investiga o rompimento de contrato do ex-juiz com a consultoria americana Alvarez & Marsal.
Filiação
Também nesta manhã, em outra entrevista, desta vez concedida à Rádio Difusora de Nortelândia-MT, Moro foi questionado sobre sua possível migração para o União Brasil, que nasce da fusão entre DEM e PSL já em tramitação no Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
— Não tem nada concreto. Estou no Podemos — declarou.
O tema veio à tona após reportagem do jornal O Globo divulgar que o partido presidido pela deputada Renata Abreu (Podemos-SP) poderia abrigar o ex-juiz em troca de lançar a dirigente como vice.
Segundo pesquisa Ipespe divulgada na última sexta-feira (14), Moro segue em terceiro lugar na disputa, com 9% das intenções de votos. Na liderança, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) aparece com 44%, seguido de Jair Bolsonaro, com 24%.
Desde que divulgou sua pré-candidatura, Moro tenta ocupar o espaço da chamada terceira via, rompendo a polarização entre Lula e Bolsonaro. Sua candidatura tem atraído a atenção de um grupo muito próximo de Jair Bolsonaro: os militares. Para esse grupo, o ex-juiz é de quase uma unanimidade por ter prendido Lula e por simbolizar as ideias do salvacionismo da República e do combate à corrupção, assuntos que acompanham a maioria das manifestações políticas dos militares desde a criação da República.
Mudanças no Podemos
Nesta terça-feira (18), o agora ex-presidente do Podemos do Paraná, Cesar Silvestri Filho, abandonou o posto de dirigente máximo da legenda no Estado para se filiar ao PSDB. A mudança ocorre com a promessa de que ele seja o pré-candidato tucano ao governo paranaense em outubro, garantindo palanque no Estado para o pré-candidato do PSDB ao Planalto, João Doria.
Para Moro, a saída de Silvestri não significa um possível enfraquecimento do Podemos.
—Lamentável a saída dele, mas acho que temos de respeitar. Essas construções de liderança dentro dos partidos são normais. O Podemos está forte. Não é esse fato de ontem que gera o enfraquecimento do partido — disse em entrevista à Rádio Difusora.