Política

Feriado de manifestações

Oposição a Bolsonaro faz ato sob viaduto e passeata em Porto Alegre

Manifestantes reprisam no Dia da Independência o tradicional protesto Grito dos Excluídos

Humberto Trezzi

Enviar emailVer perfil

"El pueblo, unido, jamás será vencido". Foi assim mesmo, em espanhol sem nenhuma trégua da chuva, que começaram os cânticos de protesto da frente de entidades de oposição a Jair Bolsonaro em Porto Alegre, nesse Sete de Setembro de vento e chuva. Veja vídeo abaixo. Acompanhados de violão e um caminhão com equipamentos de som, centenas de manifestantes de partidos de esquerda, sindicalistas, grupos feministas e indígenas se reuniram, ao som de clássicos latino-americanos, como canções de Mercedes Sosa, Victor Jara e Violeta Parra.

O Grito dos Excluídos, manifestação de entidades de esquerda e sindicalistas que acontece há décadas no Dia da Independência, se misturou este ano aos atos de repúdio ao presidente da República. 

O ato da esquerda começou por volta das 11h30min e a chuva forçou mudança de planos. A concentração estava prevista para ocorrer ao ar livre, no Espelho das Águas do Parque da Redenção, mas a chuvarada atrapalhou e fez com que o ato fosse transferido para o viaduto na esquina da Rua Sarmento Leite com a Avenida João Pessoa, no Centro. É o local apelidado Brooklyn.

A Central Única dos Trabalhadores (CUT) é a entidade que montou a organização dos protestos, mas a vinda de dezenas de ônibus da Região Metropolitana não aconteceu até agora. A expectativa é que cheguem à tarde. A ideia inicial é fazer uma grande passeata planejada para percorrer toda a região central de Porto Alegre, diz o presidente regional da CUT, Amarildo Censi. 

 —  O problema é a chuva. Vamos manter a programação, desde que não ponha em risco a saúde dos manifestantes  —  pondera o dirigente sindical.

No entanto, devido a chuva, por volta das 13h30min, a organização tinha chegado a desistir da caminhada. Mas com a diminuição da precipitação, voltaram atrás na decisão e mantiveram a programação.

A concentração de opositores de Bolsonaro é bastante heterogênea. Estão presentes entidades de catadores e catadoras de papel, dos sem-teto, o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), religiosos de diversas matizes, grupos feministas, estudantis e de indígenas.

"Tirem a mão das nossas terras! Demarcação dos territórios indígenas, já!, conclamavam faixas empunhadas por guaranis que vivem em Viamão, na aldeia Cantagalo.

 —  Estamos em 40, era para vir bem mais gente, mas choveu muito e virou lamaçal por lá  —  comenta Cláudio Gimenez da Silva, um dos líderes dos guaranis.

Roiberto Liebgott, do Conselho Indigenista Missionário (Cimi), ressalta que a terra guarani do Cantagalo já está demarcada e homologada, faltam só alguns registros pela União. Mas várias áreas no interior gaúcho e até na Capital não são reconhecidas e os indígenas permanecem nelas acampados, em precárias condições.

 —  Tivemos um retrocesso no governo Bolsonaro e ele pode aumentar o fosso que separa os indígenas da maior parte da sociedade  —  reclama o dirigente do Cimi.

Num dos momentos do protesto, os manifestantes ergueram o punho direito aos céus e entoaram cânticos no embalo do violonista Martin Coplas, das Missões.

 —  Que Deus e outras divindades nos iluminem nessa caminhada pela paz no Brasil  —  discursou Coplas.


GZH faz parte do The Trust Project
Saiba Mais
RBS BRAND STUDIO

Bergamota Mecânica

01:00 - 02:00