Em uma reunião com o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), nesta quinta-feira (2), governadores cobraram a renovação de contratos para compra de vacinas contra a covid-19 e uma solução para a crise entre os poderes, manifestando preocupação com ataques do presidente Jair Bolsonaro às instituições.
A conversa com Pacheco ocorreu após uma tentativa frustrada de reunião com o presidente da República.
— Não é possível se interromper o diálogo com nenhum dos poderes, com nenhuma das instituições, e não ouvir os governadores dos Estados e do Distrito Federal — disse o senador após a reunião.
Por intermédio de Pacheco, os governadores decidiram elaborar uma nota técnica e cobrar do Ministério da Saúde a renovação de contratos de compra de vacinas no âmbito do Plano Nacional de Imunização (PNI). A preocupação é com contratos vencendo em setembro e a necessidade de concluir a vacinação da população, além de uma terceira dose de reforço para grupos prioritários.
— Queremos evitar uma corrida de Estados e municípios atrás de vacinas dentro desses contratos — disse o governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha (MDB).
— A ideia é que possamos até outubro avançar bem, para não ter problema na relação com outros países por conta da pandemia, e também, até o fim do ano, alcançarmos a imunização plena, o controle do coronavírus — afirmou o governador do Piauí, Wellington Dias (PT).
A defesa da democracia foi citada na reunião. Além disso, os chefes dos Executivos estaduais expressaram preocupação com as manifestações marcadas por apoiadores de Bolsonaro no dia Sete de setembro.
O presidente do Senado disse esperar que esse ato e o agendado pela oposição no dia 12 de setembro sejam pacíficos. O senador reforçou que manifestações contra a democracia, contra a realização das eleições e a favor de intervenções autoritárias serão rechaçadas.
Na reunião com governadores, o presidente do Senado defendeu ainda medidas para conter o aumento dos preços dos alimentos, da energia elétrica e dos combustíveis. Ele chamou atenção para a necessidade de o Ministério da Economia ter protagonismo nessas soluções.
Pacheco se juntou aos governadores na defesa da democracia e declarou que não iria "fulanizar" a pauta.
— Nosso inimigo não está entre nós, nosso inimigo é o preço do feijão, é o preço da gasolina, é o preço da luz elétrica, é o preço dos alimentos de um modo geral que tem sacrificado as pessoas no Brasil. Nós precisamos discutir isso no Brasil, e não perdermos tempo com aquilo que não vem e não calha para solucionar o problema das pessoas — disse.
O governador do Espírito Santo, Renato Casagrande (PSB), se manifestou de forma semelhante após a reunião.
— Quanto mais instáveis temos hoje as relações políticas e institucionais, essa instabilidade tem um preço e isso sem dúvida é repassado para os alimentos, para o combustíveis, e por isso o pacto feito entre os governadores e o Senado — disse.