A Polícia Federal (PF) cumpre, na manhã desta sexta-feira (20), mandados de busca e apreensão em endereços ligados ao cantor Sérgio Reis e ao deputado federal Otoni de Paula (PSC-RJ). As ordens foram autorizadas pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).
São 13 mandados sendo cumpridos em seis Estados - Santa Catarina, São Paulo, Rio de Janeiro, Mato Grosso, Ceará e Paraná - e no Distrito Federal. A ação atende a pedido da Procuradoria-Geral da República (PGR).
De acordo com a PF, a ofensiva busca "apurar o eventual cometimento do crime de incitar a população, através das redes sociais, a praticar atos violentos e ameaçadores contra a Democracia, o Estado de Direito e suas Instituições, bem como contra os membros dos Poderes".
Em áudios divulgados recentemente, Sérgio Reis incitou caminhoneiros a "trancarem" o país para pressionar pela saída dos ministros Luís Roberto Barroso e Alexandre de Moraes do STF. Já no último fim de semana, o artista divulgou um vídeo em que afirmava que os caminhoneiros e agricultores iriam organizar um movimento entre os dias 4 e 6 de setembro para "salvar o país".
O cantor passou a ser investigado em um inquérito aberto pela Polícia Civil do Distrito Federal. Ele também é alvo de uma representação assinada por 29 subprocuradores gerais da República.
Durante a semana, Sérgio Reis disse que estava arrependido, mas que não tem medo de ser preso.
— Se não fizer uma paralisação, não muda este país. Não sou frouxo. Não sou mulher. Cadeia é para homem. Eu não saí daqui de casa. Estou aqui em casa quietinho. Se a (Polícia) Federal vier me buscar, eu vou. Não matei ninguém. Não prejudiquei ninguém. Nunca falei mal de nenhum ministro — afirmou.
"Não fiz nada para ser preso"
Um dos locais de busca da PF foi o gabinete do deputado Otoni de Paula, em Brasília. Diante da operação, o parlamentar divulgou um vídeo no qual defende o direito de expressar seus pensamentos.
— Não vou recuar um milímetro dentro do que a democracia me permite, dentro do que a Constituição me permite. Esse deputado federal aqui, esse cidadão brasileiro aqui investido da autoridade parlamentar, não vai recuar um milímetro. Se alguém pensa que vou deixar de falar o que penso, se alguém pensa que vou deixar de ter a mesma postura que tenho, eu não vou deixar de ter. Alguém poderá dizer, "você acha que pode ser preso?" Não! Eu não fiz nada para ser preso. Claro que estamos vivendo em um estado de exceção no Brasil — afirmou o deputado.